terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Uma última lágrima

   
   Na Floresta do Leste, a luz do luar era soberana. Não havia no céu nenhuma nuvem que a fizesse sumir. Seu brilho era forte e intenso, e junto com a brisa da noite, deixava um ar sombrio. Clara passeava por entre as sombras daquela noite, enquanto sentia um vento bater no seu rosto. Seus pensamentos voavam junto com as corujas que piavam por lá. Sua pele era de um branco pálido se destacava nas sombras, quase fazendo inveja ao luar.
    Olhando as formas das nuvens, viu a silhueta de um rapaz, que estava de costas para ela, contemplando a lua.  Então, na cabeça dela, veio a imagem de um garoto branco, pouco mais alto que ela. Ele virava o rosto e ela se encantava com aqueles olhos castanhos vívidos. "Vem aqui", dizia o rapaz com a mão estendida, convidando-a a juntar-se a ele. Ela estava tão encantada com aquela imagem que não percebeu quando todo o céu, de repente, escureceu. Correu para segurar a sua mão, sua perna se enroscou numa raiz - a realidade tentava fazê-la despertar - mas ela se soltou e voltou a correr. Caiu muitas vezes, arranhou-se em troncos de árvores e sangrava. Mas mesmo assim ela sorria. Sua pele ficava vermelha escura, a cada queda, a cada gota de sangue que caía. Chegou à ponta de um penhasco, de onde saltou, buscando a mão do rapaz que ainda estava ali.
    Caindo do penhasco, ela se viu nos braços frios do garoto que a chamou, e continuava sorrindo. Seu corpo rolava montanha a baixo e batia nas pedras, até que enfim parou de rolar. Na sua boca, um último sorriso. No seu olho, uma última lágrima.

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