sábado, 28 de janeiro de 2017

A existência de Karlos

               A noite estava iluminada pelas estrelas e a luz da lua cheia, que estava tão linda quanto um soneto. Karlos saiu de casa para fumar um careta e acabou se deparando com a beleza da lua, sua grandiosidade e a magnificência que é ela estar lá em cima, flutuando no espaço, ligada à Terra apenas pela gravidade. À medida que seu cigarro ia diminuindo, os pensamentos começavam a invadir (como se invade um lugar onde já se está dentro?) a mente do jovem rapaz.
               Será que algum dia ele conseguiria compreender a ação da lua cheia sobre ele? Ou se os humanos iriam descobrir a razão pela qual estão no universo? Karlos já havia percebido que sob a lua cheia suas lombras eram sempre mais complexas; seus pensamentos se voltavam para questões existenciais, diferente dos pensamentos que ele tinha no dia a dia. Ele se pergunta se há realmente uma razão para estar vivo, afinal, é preciso uma razão para isso? Estamos vivos porque nascemos, e isso ele pensa ser o bastante. Viemos de ancestrais comuns que já viviam, por qual motivo, então, isso não é o bastante?
               Nesse momento ele se pegou recitando o trecho de uma canção antiga de uma banda gaúcha, o qual diz “estamos vivos, sem motivos, que motivos temos pra estar”? E ele se faz a mesma pergunta: “que motivos temos, realmente”? Ou talvez exista um: viver. Viver pode ser o motivo para estar vivo e não alguma missão ou fazer parte de um todo que não pode ser compreendido. Talvez não exista um plano mestre ao qual cada um de nós tem que descobrir nosso papel e depois realiza-lo.
               Olhando a lua, Karlos sorriu ao perceber que não se preocuparia mais com questionamentos sobre a sua existência, ele iria apenas existir.