sábado, 10 de setembro de 2016

Seguindo luzes

                Hoje eu acordei de um dos sonhos mais estranhos que eu já tive em toda a minha vida. Foi tão estranho que ainda estou um pouco confuso, pois há alguns dias, meu professor de Filosofia leu com a gente um texto do livro “O Mundo de Sofia”, que contém basicamente o meu sonho, mas como um exercício de reflexão. Contarei aqui este sonho, mas antes preciso tomar um café. Minha cabeça parece que foi revirada, assim como meus olhos e ainda sinto sono. Pronto, esse café vai me ajudar, agora posso contar a quem quer que leia o meu mais estranho e fantástico sonho.
                No começo tudo estava escuro e eu me levantei da cama, fiquei sentado. Então me perguntei “o que eu faço acordado a essa hora da noite?” e o meu abajur acendeu sozinho. Meu coração comeu a palpitar mais forte, certo medo me surgia e, ao mesmo tempo, senti uma excitação, uma sensação de espanto bom, como uma criança ao ver um cachorro pela primeira vez. Em vez de me levantar e ir apagar o abajur para voltar a dormir, continuei sentado na minha cama e fiz outro questionamento: “como o abajur acendeu se não há mais ninguém em casa e eu não o acendi?” então, nesse momento, a luz do corredor se acendeu.
                Levantei-me da cama e fui até o corredor ver se havia alguém ali, ainda com medo, mas também com aquela excitação de algo novo, como uma corrente elétrica passando pelo corpo. Segui caminhando até o fim do corredor, onde havia a passagem para o quarto de hóspedes, e um grande espelho me esperava com uma imagem minha refletida. “O que eu estou fazendo ali se nem na frente do espelho estou?” E mais uma luz se acendeu, mas não era nenhuma luz da minha casa, era um tipo diferente de luz, uma que não consegui entender e, por isso, nem vou tentar explicar. Mas era forte e quase me cegou. Quando consegui abrir os olhos, aproximei-me do espelho onde eu estava e vi algo que me deixou extasiado.
                Poderia ter sido um extraterrestre, ou um monstro escuro e frio, mas o que estava no espelho era mesmo uma versão de mim, mas diferente: emitia uma forte luz branca e tinha a cabeça maior, com cabelos brancos e barba. Fiquei admirando a minha própria imagem por alguns minutos, perguntando-me como aquilo era possível, sendo que eu não emitia nenhum tipo de luz, nem tinha barba ou cabelos brancos. “O que está acontecendo? Como aquele posso ser eu?” E quanto mais perguntas eu fazia, mais luzes eram emitidas pelo meu reflexo e dentro de casa mais luzes se acendiam. O meu reflexo abriu os olhos e os fixou em mim e, sem dizer uma palavra, falou em minha cabeça: “se quiser ter as respostas de todas as perguntas, venha até mim, ou, melhor dizendo, visite-se.” E estendeu a mão: “em você poderá encontrar todas as respostas, mas apenas se se atrever a perguntar, apenas se não deixar morrer o dom da fascinação, a sua natureza questionadora”. Com a mão estendida toquei o espelho e me emocionei ao sentir que o atravessava como se fosse gelatina.
Mas justamente nesse momento eu despertei na cama, os olhos cheios de lágrimas. Fiquei triste por ter sido apenas um sonho, gostaria que tivesse sido real. Mas às vezes paro um pouco e penso: será que foi? Ou será que foi apenas fruto dessa minha imaginação fantástica? Não podia ser real, não tem como ser! Se bem que, o que podemos dizer com certeza sobre a realidade? O que é verdade? Como poderíamos distinguir um sonho do que é real, se o sonho pode ser tão real quanto o que chamamos de realidade? Nesse momento eu parei de falar e minha mente se abriu a diversas possibilidades. Sorri.