PARTE I
Já era
manhã quando Artur abriu os olhos. Os raios de sol atravessando a janela o
desejavam bom dia. Ele sorriu e olhou para a garota que estava com a cabeça no
peito dele. Pensou que poderia viver o resto da sua vida ali, deitado, tendo
apenas ela como bebida, comida, resto de vida. Ele seria alimento também. Os
seus dedos seriam o café da manhã, pelo almoço, as costelas cairiam bem com seu
suor e quando chegasse a noite, o sangue esquentaria o frio deixado pela
tempestade.
– Vem,
Artur, – disse uma voz feminina – vem que o Chico tá esperando. Artur abriu os
olhos e sacudiu a cabeça, desfazendo-se das lembranças. Olhou para a irmã e
sorriu, levantando-se da cadeira e acompanhando-a.
– E então,
pra onde vamos mesmo? – Artur entrou no carro, cumprimentando Chico e a
namorada dele, Daniela.
– Lá pro Dom Quixote, o barzinho novo que abriu lá perto da praça. Lá você pode relaxar
um pouco e esquecer por algumas horas da sua ex. – disse a irmã de Artur,
sorrindo para ele.
– Tá ok,
Nanda, então vamos lá! – Artur beijou o rosto da irmã, que aconchegou no braço
dele.
A atmosfera
do Pub era bem agradável. Luzes frias deixavam um tom de mistério no ar. Artur
foi até o balcão e pediu uma cerveja. Sentou e ficou lá por algum tempo,
enquanto Fernanda o chamava pra sentar à mesa, mostrando as amigas que acabaram
de chegar. Uma música do Led Zeppelin tocava ao fundo, deixando o local ainda
melhor, assim como o humor de Artur. Ele estava tão relaxado que nem percebeu o
homem que sentara ao seu lado.
– Parece
que sua garota está esperando. – o homem sentado ao lado de Artur vestia uma
camisa branca e preta. Ele tinha o cabelo cheio de ondas e a barba por fazer.
– Aquela
mocinha alegre me chamando? – Artur deu uma risada – ela é minha irmã. Tá louca
pra eu ir conversar com as amigas dela.
– Oh, entendi.
E você ainda não foi...? – ao ver o rosto desinteressado de Artur o homem riu e
se desculpou – Foi mal, cara, quer dizer, nós acabamos de nos ver e eu já te
fazendo perguntas. Nem sequer me apresentei. – estendeu a mão – Prazer, Carlo.
– Artur apertou a mão do homem e disse seu nome.
Sentada na
mesa com as amigas, Fernanda olhou na direção do irmão e se levantou,
desculpando-se com as amigas. Foi até Artur.
– Ei, cara,
o que você tá fazendo? Tem uma garota ali doida pra te conhecer. – parou de
falar quando percebeu que tinha interrompido a conversa. – Quem é seu amigo?
– Sou
Carlo. Não somos amigos.
– Ok,
então, não amigo do meu irmão, sou Fernanda. – e se virou pro irmão – agora
porque você ainda está aqui?
– Nanda, me
dá só mais uns minutos, tá? Daqui a pouco eu apareço lá e conheço suas amigas.
– disse Artur.
– Vai
mesmo? Não vai ficar aqui sentado com seu ‘não amigo’ e começar a falar de como
sua ex era legal? – Fernanda disse, rindo.
– Eu
prometo que vou lá. Ok? Agora vai lá que são suas amigas, não minhas. – e deu
um riso fraco.
Fernanda
beijou o irmão e olhou de lado pra Carlo, dando um meio sorriso com o canto da
boca. Voltou à mesa e cochichou no ouvido de uma das amigas, olhando para os
rapazes no balcão e dando risadinhas.
– Parece
que ela gostou de você, ‘não amigo’. – Artur riu e tomou um gole da cerveja.
Carlo também riu e pediu uma cerveja pra ele também.
– Acho que
entendi porque você está aqui e não lá. Fim de namoro é fogo, né?
Artur
friccionou os lábios e olhou para o novo companheiro de balcão, acenando que
sim com a cabeça. Contou a história do seu antigo namoro. Fazia 3 meses que
tinha terminando com Luana e ainda não tinha ficado com ninguém. Talvez ainda
esperasse que os dois voltassem. Mas sabia que não a amava mais, grande parte
daquilo era só saudade. Só vontade de ter o corpo dela por cima do dele de novo
e, embora não quisesse outro relacionamento, queria ter a sensação de outra
garota dormindo em seus braços.
– É ótimo
quando alguém acorda em seus braços. – a voz de Carlo interrompeu os
pensamentos de Artur, que só pode concordar. Levantou a garrafa de cerveja e os
dois brindaram e depois beberam.
– E você,
Carlo? Tem alguém? Por que se não tiver, há mais de uma garota ali na mesa,
podemos tentar a sorte. – Artur levanta e se arruma, pedindo outra cerveja e
deixando pago as outras duas.
– Vamos tentar a sorte, então! –
Carlo pediu outra também e pagou. Ambos foram em direção à mesa das garotas e
conversaram a noite toda.