quinta-feira, 22 de outubro de 2015

As cores de Mônica

            Os dois invadiram o quarto de Mônica com quase a mesma vontade que sentiam de se invadir. Os braços de Elton seguravam com força as costas de Mônica, que tinha as pernas envoltas no quadril dele. Ele a jogou na cama, que por sorte não quebrou. Deitou por cima dela, beijando-a no pescoço e se deliciando com a maciez da pele negra de Mônica. Ela arrancou a camisa dele e a jogou de lado, observando o peitoral sem muitos músculos e deixou que ele tirasse sua blusa, botão por botão.
            Elton descia o corpo dela em beijos até chegar perto do short, que por sinal ainda estava ali, atrapalhando. Com uma olhada maliciosa – o olhar que Mônica mais adorava – ele tirou o zíper e puxou o botão, puxando o short jeans curto. Ela mexia no cabelo meio escuro dele, bagunçando-o ainda mais. Quando ele voltou à boca dela, Mônica o jogou de lado e passou a ficar por cima, repetindo o que Elton acabara de fazer. E ele não usava cueca. Tentando repetir o olhar malicioso do rapaz, – mas sem sucesso, e isso o fez rir – com a boca Mônica fez a risada virar exaltação.
            –– Você termina. –– disse ela.
            Depois montou nele, começando a cavalgar lentamente, enquanto as mãos de Elton apertavam sua bunda. A pele dela tinha algumas estrias, mas ele não ligava. Quer poemas melhores que aquelas linhas em sua pele? O fogo dela o consumia por inteiro, será que haveria coisa mais gostosa que aquela mulher? Ele não saberia dizer. Vendo-a ali, em cima dele, os peitos subindo e descendo, ela poderia fazer o que quisesse ali de cima.
            Mesmo absorto em pensamentos, a tapa na cara o surpreendeu e ele a olhou assustado.
            –– Não pensa Elton! –– dizia Mônica entre gemidos, –– quanto mais você viaja no seu mundo menos você fica aqui comigo. Não quero transar só com um pênis, porra!
            Aquela agressividade o excitava ainda mais. Ele a puxou para perto do rosto e a beijou, sua língua encontrando e se enrolando com a dela, como todo o resto do corpo. Saindo do beijo, Mônica encostou a boca na orelha do parceiro e sussurrou:
            –– Agora é sua vez.
            De novo o sorriso malicioso se formou na boca dele. Mais uma vez desceu a boca pelo corpo dela, até chegar onde queria. E onde ela o queria. Encostou a boca devagar, beijando agora outros lábios, fazendo Mônica sentir arrepios na espinha. Depois a língua entrou em ação e agora o ar se confundia com os suspiros e gemidos dela, que vez ou outra se contorcia ao toque dele, as mãos agarrando os cabelos de Elton. Depois ambos estavam lado a lado na cama.
            –– Você é ótima. –– Elton disse, deliciando-se enquanto corria a mão pela pele dela.
            Mônica deu uma risada, levantando-se.
            –– A magia começa agora, baby.
            Ela foi até a vitrola e colocou o disco que havia lá para tocar. Um som suave saía do aparelho e Mônica começou a dançar. Os olhos de Elton não desgrudavam dos movimentos delicados dela, era como uma hipnose, mas ela usava o corpo como agente hipnotizador. E funcionava.
            Seus cabelos cacheados pareciam adquirir novos tons. E ela parecia soltar cores pelo quarto, como se fossem pequenas faíscas. Sabe aqueles clipes em que o movimento dos dedos forma diversas listras de cores diferentes, formando um traçado psicodélico? Era Mônica naquele momento. Suas curvas perdiam cada vez mais a forma humana e passavam a virar desenhos, linhas e formas geométricas aos olhos de Elton, que nada conseguia fazer além de observar.
            Mônica, agora mais linhas que pele, lembrava um pouco a Medusa com os cabelos criando vida, igual às serpentes da sedutora criatura que petrificava homens com seu olhar, tinha os olhos escuros postados nos do seu amante. E ele, bestificado, estava paralisado com toda aquela transformação. Não apenas figurativamente, ele realmente não se mexia mais. E, como borboletas, as formas e cores de Mônica se espalhavam pelo mundo, ao atravessar a janela aberta do quarto. Ela agora faria parte de tudo e de todos. Um novo parágrafo no segredo do Universo.