Os dois invadiram o quarto de Mônica
com quase a mesma vontade que sentiam de se invadir. Os braços de Elton
seguravam com força as costas de Mônica, que tinha as pernas envoltas no
quadril dele. Ele a jogou na cama, que por sorte não quebrou. Deitou por cima
dela, beijando-a no pescoço e se deliciando com a maciez da pele negra de
Mônica. Ela arrancou a camisa dele e a jogou de lado, observando o peitoral sem
muitos músculos e deixou que ele tirasse sua blusa, botão por botão.
Elton descia o corpo dela em beijos
até chegar perto do short, que por sinal ainda estava ali, atrapalhando. Com
uma olhada maliciosa – o olhar que Mônica mais adorava – ele tirou o zíper e
puxou o botão, puxando o short jeans curto. Ela mexia no cabelo meio escuro
dele, bagunçando-o ainda mais. Quando ele voltou à boca dela, Mônica o jogou de
lado e passou a ficar por cima, repetindo o que Elton acabara de fazer. E ele
não usava cueca. Tentando repetir o olhar malicioso do rapaz, – mas sem
sucesso, e isso o fez rir – com a boca Mônica fez a risada virar exaltação.
–– Você termina. –– disse ela.
Depois montou nele, começando a
cavalgar lentamente, enquanto as mãos de Elton apertavam sua bunda. A pele dela
tinha algumas estrias, mas ele não ligava. Quer poemas melhores que aquelas
linhas em sua pele? O fogo dela o consumia por inteiro, será que haveria coisa
mais gostosa que aquela mulher? Ele não saberia dizer. Vendo-a ali, em cima
dele, os peitos subindo e descendo, ela poderia fazer o que quisesse ali de
cima.
Mesmo absorto em pensamentos, a tapa
na cara o surpreendeu e ele a olhou assustado.
–– Não pensa Elton! –– dizia Mônica
entre gemidos, –– quanto mais você viaja no seu mundo menos você fica aqui
comigo. Não quero transar só com um pênis, porra!
Aquela agressividade o excitava
ainda mais. Ele a puxou para perto do rosto e a beijou, sua língua encontrando
e se enrolando com a dela, como todo o resto do corpo. Saindo do beijo, Mônica
encostou a boca na orelha do parceiro e sussurrou:
–– Agora é sua vez.
De novo o sorriso malicioso se
formou na boca dele. Mais uma vez desceu a boca pelo corpo dela, até chegar
onde queria. E onde ela o queria. Encostou a boca devagar, beijando agora
outros lábios, fazendo Mônica sentir arrepios na espinha. Depois a língua
entrou em ação e agora o ar se confundia com os suspiros e gemidos dela, que
vez ou outra se contorcia ao toque dele, as mãos agarrando os cabelos de Elton.
Depois ambos estavam lado a lado na cama.
–– Você é ótima. –– Elton disse,
deliciando-se enquanto corria a mão pela pele dela.
Mônica deu uma risada,
levantando-se.
–– A magia começa agora, baby.
Ela foi até a vitrola e colocou o
disco que havia lá para tocar. Um som suave saía do aparelho e Mônica começou a
dançar. Os olhos de Elton não desgrudavam dos movimentos delicados dela, era
como uma hipnose, mas ela usava o corpo como agente hipnotizador. E funcionava.
Seus cabelos cacheados pareciam
adquirir novos tons. E ela parecia soltar cores pelo quarto, como se fossem
pequenas faíscas. Sabe aqueles clipes em que o movimento dos dedos forma
diversas listras de cores diferentes, formando um traçado psicodélico? Era
Mônica naquele momento. Suas curvas perdiam cada vez mais a forma humana e passavam
a virar desenhos, linhas e formas geométricas aos olhos de Elton, que nada conseguia
fazer além de observar.
Mônica, agora mais linhas que pele,
lembrava um pouco a Medusa com os cabelos criando vida, igual às serpentes da
sedutora criatura que petrificava homens com seu olhar, tinha os olhos escuros
postados nos do seu amante. E ele, bestificado, estava paralisado com toda
aquela transformação. Não apenas figurativamente, ele realmente não se mexia
mais. E, como borboletas, as formas e cores de Mônica se espalhavam pelo mundo,
ao atravessar a janela aberta do quarto. Ela agora faria parte de tudo e de
todos. Um novo parágrafo no segredo do Universo.