quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Um outro encontro



  Havia meses que João não conversava com ela, não a pegava perto e a olhava nos olhos. Ele até acreditou não existir mais sentimento entre os dois e ela agora estava seguindo em frente, assim como ele também deveria seguir, afinal, a vida é um infinito passeio de trem. Uns sobem a bordo, outros descem, mas o trem continua sempre em frente.
  Por estarem longe um do outro foi mais fácil para João admitir que não daria mais certo, ele até já tinha aceitado e pensou em procurar outras pessoas. Mas só pensou mesmo, não conseguiu (talvez nem quis) nada novo. Deixou o tempo passar, sua vida não dependia só disso. Tinha os livros, as séries, as aulas e quase aulas na faculdade, não tinha obrigação de sair toda noite atrás de alguma garota que quisesse algo. Como se fosse esse o objetivo da vida.
  E foi nisso até o final do ano, quando eles se falaram de novo e como sempre acontecia, passaram o dia todo conversando, até porque tinham o que conversar. "Você encontrou alguém novo?"; "Ficou com alguém nesse tempo?"; "Poderíamos nos encontrar algum dia?" e continuaram conversando muito.
  Sim, eles podiam se encontrar e assim foi. Uma noite quente como todas as outras e depois de muito tempo João e Sara se viram. Seus olhos podiam dizer mais saudades que os lábios iriam falar. Mas os lábios não falariam, sorririam. E os braços se deram em abraços cheios de ternura por um sentimento que não tinha se esgotado nem em meses de separação.

  Quem mais podia sentir o que eles sentiam ali? Certamente não eu, então vamos deixá-los sentir um ao outro enquanto podem, desculpem por isso.





Imagem: http://www.paixaoeamor.com/mensagem/2130_teu_abraco.html 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Aviso ao seu moço

Cuidado com meus olhos, seu moço.
E com a luz que ele expele
que te rasga carne, pele
E te deixa só o osso.

Cuidado, moço, quando tu me olha
pois meu olhar é violento
é como chuva de vento
que até à tu'alma molha.

Moço, já disse pra ser cuidadoso
a essa hora é perigoso
de o sinhô me mirar. 

Cuidado, oh!, belo moço, com o meu olhar.
Que hoje ele tá de ressaca, viu?
Com ondas mais altas que o próprio mar.