quarta-feira, 27 de junho de 2012

Tempo frio



Os dias agora vêm mais frios. Não! Não estou dizendo que estão ruins e sem fogo, mas só que o tempo está frio. E está como eu gosto: céu nublado, chuviscos, vento gelado batendo no meu peito e no meu rosto. Os campos aparecendo mais verdes pela minha janela. Ah, como eu gosto desse tempo... É como se sua boca me soprasse um pouco de felicidade a cada segundo. Como se meu rosto sentisse teu suspiro toda vez que olhasse pras nuvens no céu. É o tempo em que a grama vai crescendo mais bonita, que as flores vão sorrindo para você... Ah, como não se encantar com os campos? As flores? Os teus lábios a sorrir? Tuas mãos indo de encontro a teus cabelos escuros. Teu corpo procurando o meu, na porta da cozinha, pra buscar o calor que saiu cedo da cama. Que foi sentir aquele vento frio que começou a soprar só agora. E que tem o rosto e o peito acariciados tanto pelo vento, quanto pelo toque quente de duas mãos... Tuas mãos de veludo, de cetim, de algodão. Tua pele de ser humano, que é quente por dentro, por fora. Ah, quero mesmo é teu sopro quente no meu rosto.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

No fim da noite.

De novo você, cara? Não se cansa não de tentar me pegar? Acho que não te disse que só fico se tiver mais de 17 cm. Ah, garotinho, você é só um pedacinho de homem. Não saberia como tratar uma mulher, assim como eu. Aposto que nunca teve uma noite de sexo, né criança? Fica só nas bronhas, na frente daqueles sites pornôs. Revista é ultrapassado pra você, 'garoto moderno'. Está frio. Você com essa camisa regata, parecendo um desses garotinhos de programa, que não sente nada. Nem frio, nem calor. Nem um pouco de romance. Você não sente nem mesmo remorso por cobrar tão caro das necessitadas. Ah sim, você conhece pelo olhar aquelas que pagariam caro pelo seu corpo. Mas eu não, garotinho. Eu sou mais macho que você! Eu sinto prazer. Eu sinto o romance, o amor. Sinto o fogo que vem por debaixo da saia. Na verdade, você só sente orgulho. Isso mesmo! Fica se achando porque come essas menininhas por aí. Como se não fosse fácil comer essas putinhas na flor da idade, doidas pra dar a bunda a um garoto assim como você: cabelinho loiro, olhinhos castanhos, corpinho malhado. Por favor, cara, no dia que 'cê' pegar mulher de verdade me procura. E de novo você acha que pode vir aqui, no mesmo bar, na mesma hora, tentar me levar pra sua listinha de 'já comi'? Não. Muito obrigado. Mas quem eu quero já me achou. Só está esperando a hora certa pra aparecer. E você vai logo saindo dessa cadeira, que esse lugar é dele, ou dela, depende. Se aparecer e me fizer sentir na primeira noite. 'Bye bye', menino, vai lá brincar de comer mocinha. Não sou puta nem putinha de carro. Não transo com motor. E mais uma: noites de prazer não dependem só do tamanho de um pênis, mas também de boa música, um bom jantar, chupadinhas, e palavras sujas no ouvido, sabe? Preeliminares são muito importantes.





Ass.: Tisha

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Desabafando

Ah, cara. Não venha aqui pra me dizer que sua vida está ruim. Eu não ligo. Não fui eu quem a deixei ruim, não sou eu quem vai deixá-lo melhor. Não se você chegar e só dizer. Esperar empatia de mim, cara, não é algo que se deva fazer. Não sinto isso. Eu não posso saber se você está precisando de mim quando você não me diz o que precisa. Também não dê suas opiniões quando eu não pedir. Quando eu chegar e dizer que 'não está fácil pra ninguém', não me pergunte por que. Se eu fosse dizer o que está difícil, você reviraria os olhos e soltaria um suspiro de 'que mina chata'. Não queira dar uma de bom samaritano quando você não se importa. Simplesmente fique na sua e me escute! Eu 'to' na minha. Não entro na sua até que me chame. Eu 'to' na minha e se você, cara, quiser estar na minha também, saiba respeitar. Saiba se respeitar. Saiba me respeitar. Respeite sua mente, seu espírito, seu corpo... Mas respeite os meus também. Não é porque te olhei que vou querer você em cima de mim. Embora você seja bonitinho. Com seus músculos e seu cabelo curtinho. E esses olhos castanhos agressivos. Não, cara, não é assim. Você não sabe entender os olhares de uma garota. Então não ache que porque me viu num bar eu 'to' triste e sozinha, ou triste por estar sozinha. Não estou. Não chegue em mim se eu não der 'bola' pra você. Vai lá procurar outras vadias. Só me deixa terminar meu whisky sozinha. Deixa eu terminar meu cigarro sozinha. E dê uma gorjeta pro garçom que vai te entregar esse recado. Quem sabe outro dia, né?




Ass.: Tisha.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Diário de Tisha

07 de Abril - A noite de ontem foi boa, mas aconteceu algo estranho, que eu não esperava. A Ana chegou às sete e quinze e a gente subiu pro quarto. Minha mãe tinha viajado, só chegou hoje. A gente viu o filme e chorou tomando vodka, que ajudou um bocado. Depois ficamos conversando sobre roupas, garotos e outros assuntos... Ela me olhava de um jeito diferente. Parecia querer tirar toda minha roupa. Estava bem estranha, mas avaliei que seria a bebida. Ela sempre faz isso com as pessoas. A gente ria de tudo, até da risada da outra. Ela decidiu tomar banho e eu fui com ela, afinal estava fedendo a vodka. Mas foi no meio do banho que tudo aconteceu. Ela passava a mão no meu corpo, causando-me arrepios. E ia chegando mais perto e mais perto. Subiu a mão pela minha barriga até chegar no meu seio. O toque dela era macio, até me excitou. Eu não sei o que houve mas eu não me movia e não sentia nenhum medo. A outra mão dela subia pelas minhas costas, até chegar no meu pescoço. E vindo na minha direção, senti seus lábios pequenos tocarem os meus carnudos, uma sensação boa, porque de olhos fechados você não vê se a boca que te beija é de macho ou fêmea. Bocas são todas iguais, os lábios que são diferentes. Foi engraçado não sentir o peito musculoso de Led e sim os seios grandes e redondos da Ana contra os meus pequenos, que palpitavam ligeiramente. Eu envolvi minhas mãos pequenas na cintura dela, e senti a maciez de sua pele, e que pele. Não sei se por efeito da vodka ou pelo calor do momento, apertei ela contra a parede e senti suas mãos descendo pela minha cintura, até apertar minha bunda, numa massagem gostosa. Caminhamos juntas até a cama, molhando o chão, e nos jogamos. Ela me olhava com um olhar feroz e sensual, e veio de encontro a meus seios, e aí desceu pela minha barriga até chegar no lugar certo. Até parecia que ela sempre quis fazer aquilo, e eu, no momento, não reclamava, mas lembrava de quando era Led que fazia aquilo comigo. Ah, aquela foi uma noite muito boa. Não sei se foi só a vodka, ela parecia estar ciente do que fazia. Acho que ela gosta de mim.

Um ponto final



Toda vez que escuto Summertime da Janis, vem-me à cabeça uma cena de uma rua escura. Uma rua calçada com pedras redondas, como as ruas antigas. Com casarões e casinhas, e uma garota que anda sozinha. Ela sente falta do homem que mais amou na vida. E aquela brisa da noite, com o sino badalando às três da manhã, fazia-a algum bem, que ela não sabia explicar. Só a luz da lua iluminava aquela madrugada, naquela rua solitária, naquela garota solitária. Mas uma lâmpada acesa que iluminava uma placa que dizia 'Bem-vindo' estava acesa toda madrugada. Era a entrada de um bar. Um bar onde essa menina sempre ia, pra lembrar de seu pai. Ele sempre ia naquele bar. Sentava sempre na mesma cadeira. Pedia sempre o mesmo whisky. Aquele Jack Danniel's 18 anos. E desde que fora morto em confronto com a polícia, deixou sua filha sozinha no mundo. Mas ela aprendeu a se virar. E até que virava bem, pra conseguir dinheiro, comida e abrigo. Tudo que seu pai tinha era alegria e ela não precisava de mais nada. Agora ela precisava, já que a alegria tinha ido embora quando ele morreu. Fazia programas pra se sustentar, e garantir a tradição do pai. Era uma moça forte, embora estivesse fraca e cansada de tudo aquilo. Pelo menos ela gostava. E toda vez essa história se repete, toda vez que eu ouço a mesma música. Mas o fim, ah, o fim dessa história não existe. Meus pensamentos são muito voláteis, não consigo continuar uma mesma história sem entrar em outras e outras. E isso não teria fim, se eu não colocasse um ponto final.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Morto queimado ou homem que morreu carbonizado?

           Sinceramente, não entendo mais a sociedade contemporânea. A falta de respeito se dá com tudo e todos. Hoje fiquei chocado quando liguei a TV, e vi a manchete: "Morto queimado: crueldade em Assaré", quer dizer: nem os mortos estão respeitando mais, eles que não têm nem como pedir socorro. A população também não entendeu porque alguém queimaria aquele pobre morto, mas não tirava os olhos do corpo queimando. Não sei bem o que a polícia vai fazer com esse sujeito, afinal, as leis no Brasil só servem - e pouco - se você estiver vivo. E se você for mendigo ou criança de rua, tem quase todos os direitos que uma pessoa morta. É de chorar de emoção, não é mesmo?
           Deixo aqui minha sincera indignação com esta pessoa que queimou o pobre morto, e também com a justiça brasileira, que, pelo que sei, deve ao menos prender esse covarde por violação de túmulo, que é o único patrimônio que se tem após a morte. E deixo também... Pra falar a verdade, é melhor não deixar mais nada, e levar tudo à escola, ou então chegarei atrasado.

*texto de 27/04/2011 que foi postado originalmente na minha conta do recanto das letras, visita lá http://www.recantodasletras.com.br/autores/kilbnb