segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O garoto que imaginava


Havia um garoto, numa cidade distante, que gostava de imaginar. Ele criava histórias com qualquer objeto ou ser que visse. Na sua mente ele dava vida e ação, ao que era inanimado. Bom, pelo menos não aos olhos dele... Tudo que ele via, logo criava uma narratória espetacularmente original e cheia de aventuras. Costumava ficar no seu quarto, olhando a rua e as pessoas que ali passavam, criando personagens: heróis e seus respectivos arqui inimigos, que podiam ser objetos, animais, até mesmo uma força da natureza, como o vento. Ah, aquele garoto era demais... Ele podia fazer com que você viajasse dentro daqueles pequenos contos, mesmo não sendo uma sequencia. Não gostava de ficar muito tempo na mesma narrativa. Queria sempre algo novo: novos personagens, novas histórias, novos cenários... Era como uma fênix que sempre renascia bela e radiante. E como eram belas as histórias desse garoto... Em um texto você está num lugar chuvoso e sem graça, e no outro lhe aparecem diamantes e sorrisos cheios de graça. Uma vez eu perguntei a ele como ele conseguia descrever tão bem esses lugares, essas histórias, e ele me respondeu que a vida real era muito chata. Sem a emoção de uma corrida contra o tempo numa ruína prestes a desabar, só para encontrar um pedaço de papel que supostamente levaria ao tesouro perdido de Avalon. Ele preferia criar histórias que não fossem de acordo com a realidade, simplesmente por achá-la chata e lenta. Sim, esse garoto podia fazer tudo isso sem sair do seu quarto. Quantas aventuras será que ele já viveu, não é? Não se sabe ao certo, mas sabe-se que foram várias. E todas guardadas em um único diário, que se abrirá para vocês, talvez, em breve...

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Manhã de Outono


Ela estava deitada na cama do quarto, pensando nos planos de hoje e com quem seria. Era bela e branca. Cabelos escuros que mudavam de tom todos os dias, como se mudasse com seu humor. Não era uma daquelas garotas bombadas da tv de hoje em dia, e agradecia por isso. Até porque nove em dez homens preferem garotas com seios grandes, e ela os tinha. Na medida certa. Quando finalmente decidiu pra onde ir, abriu a janela e olhou longe: o vento levava várias folhas secas e as que caíam das árvores de encontro ao chão, como tudo que cai tende a ir. Era Outono. Ela pulou pela janela e sentiu quando o vendo levantava sua saia que ia na coxa, mostrando sua calcinha vermelha. Mas ela não se importava, continuava andando. O decote de sua blusa folgada mostra o seio, que chamava a atenção dos caras que passavam por ela. Ah, como era bela aquela moça... Avistou um rapaz. Sim, era quem ela procurava. E ele estava ali por ela. Pegou-a pela cintura e a beijou profundamente. Eles sorriam um pro outro. Não um sorriso simples, que se dá ao vizinho ou a um  amigo. Era um sorriso bobo, sincero. Um sorriso que não parecia muito ser dado. Que ela só dava quando estava com ele e ele com ela. Os olhos dela, castanhos e pequenos, brilhavam quando aquele rapaz a olhava tão de perto. Ele a pegou pela mão e a levou consigo, para onde não haveria tumulto. Onde eles ficariam sozinhos o quanto quisessem, e poderiam fazer o que realmente estavam querendo. Bem longe dali, onde as histórias não podem contar, nem os homens podem avistar. Só... Longe dali.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Um reencontro


Tom gostava muito do tempo frio. Gostava de passear entre os campos e sentir o chuvisco caindo em seu rosto. Ela iria chegar hoje. Havia dez meses que não a via e estava com muitas saudades. A última carta que recebera dela foi lida e relida inúmeras vezes. E em todas elas ele abrira um sorriso. Há tempos não se sentia tão feliz com a chegada de alguém, e muito menos de alguém que não há muito tempo entrou na sua vida. Ele lembrava do sorriso dela, que vinha sempre que ele a olhava nos olhos, e automaticamente fazia o dele aparecer também. Quando viu aquela saia no joelho descendo do ônibus e os cabelos pretos que batiam no antebraço, sentiu que sua respiração acelerava cada vez mais. Então ela desceu e o viu. Ali em pé, olhando pra ela. Com aquele sorriso bobo de quem está apaixonado. Correspondeu com seu sorriso e desceu correndo para abraçá-lo e beijá-lo e matar as saudades que tanto doíam nos dois. Ele a pegou pela cintura e a abraçou forte, como se agarra a seus melhores sonhos. Não trocaram palavras, somente olhares. Palavras pra quê? E também como? Suas bocas queriam apenas beijos. E assim foi. Trocaram seus olhares, seus beijos e seus toques de pele, que há muito não sentiam. Foram passear entre os campos, onde ele colocou uma rosa branca em seus cabelos pretos, e beijou-a na testa. Como se faz com quem você quer cuidar enquanto puder...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Pra ele e ela.

Ele se sentia muito bem com ela. Não era uma pegação qualquer, onde no outro dia ele ou ela estaria com outra pessoa. Não! Era mais sério que isso. E mesmo sempre tendo dito que não queria ter nada sério com ninguém, parece que ela o fez mudar de opinião. E toda vez que marcavam de sair, ele se animava como se anima uma criança ao ouvir a voz da mãe. Como um cachorro se anima ao saber que o dono está chegando, e como a rosa se anima ao ser cultivada. Era um sorriso que vinha naturalmente, sem forçar, o que se fazia na boca dele, sempre que iam se encontrar. Não só seu sorriso se abria, como seus olhos ansiavam pela imagem dela. Realmente ele estava gostando de alguém. Alguém que gostava dele também, que correspondia aquele gostar. Que tinha seus olhos nos dele ao dizer que felicidade mesmo é estar perto de você... É pouco, mas ele sabe que o que puder fazer pra vê-la feliz, ele fará.