terça-feira, 29 de novembro de 2011

Minha garota.

 
Sinto falta, garota, do teu jeito de moleca. De tuas risadas de criança, daqueles olhos que se encantam com o mais simples presente de todos. Estou com saudades da tua força e da tua pureza. Volto logo pra te encontrar, garota. Lá naquele lugar, onde nós sempre íamos quando éramos crianças, quando tínhamos inocência... Amo tanto essa cor dos teus olhos, garota, e sua voz tão suave. Ah, como me faz falta. 
Esteja me esperando quando eu chegar. E use aquele vestido amarelo, com sorrisos bordados, o qual você usava quando eu te olhei pela primeira vez. Estarei usando aquela camisa branca, lisa, que você tanto gosta. Eu sei que parece possessão, pode até ser, mas eu acho que sempre vou te chamar de minha garota, mesmo quando todos os traços da bela juventude saírem do teu corpo. Seu jeito de moleca, eu sei, irá me acompanhar pra sempre, onde quer que ele acabe...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sentada no banco.


O vento soprava forte naquela tarde. A garota estava no banco de madeira, esperando por um rapaz. Os jornais ali perto a distraíam enquanto ele não chegava. "Ele disse que viria depois do trabalho", pensou ela. Cruzou a perna direita, olhou pro lado: não era ele. Olhava para todos os rostos que passavam por ali. Gostava de observar. Cruzou a perna esquerda, olhou pra esquina: de novo não era ele. "Deve estar com problemas no trabalho." ela insistia em esperar. Estava usando seu vestido amarelo. Disfarçava sua insegurança. Suas mãos suavam, seus olhos estavam cansados, mas ela ainda esperava. O banco estava mais duro a cada hora que ele não chegava, nem ao menos dava sinal pelo celular. Mas ela não desistia. O vento bagunçava seu cabelo liso, loiro. Sua pele sofria com os raios fortes do sol, mirados bem nela. Mas mesmo assim, ela esperava. Já conhecia os rostos de todos os que ali passavam, perguntando se ela não queria ir pra casa, dizendo que ele não viria mais. Mas a cada nova pessoa que passava, ela que parecia ser a nova ali. Todos olhavam para seus sapatos claros e suas meias altas. Sua bolsa, pequenina, não atraía muitos olhares. Seus olhos ainda mostravam esperança, de que ele chegaria a qualquer momento e a pegaria pelos dedos.
Do outro lado da rua, um rapaz de barba, camisa branca e fone de ouvido, olhava de longe aquela garota, que tanto esperava. Ele já havia pensado em ir lá, sentar-se com ela, mas também esperava por alguém. Seus pés esquentavam com o tempo, sua paciência se ia. Seus olhos estavam tão cansados quanto os da garota, que ainda esperava, parada no banco, como uma criança esperando sua mãe tirá-la do castigo. Então veio uma vontade de levantar e ir embora. "Ela não virá mais" pensou ele, retirando-se do bar.
A garota, que agora olhava para baixo, ouviu passos em sua direção. De repente ouviu uma voz "olá". Olhou pra cima, para aquele rapaz de branco, que estendia sua mão para ela. Sorriu para ele e disse: "Finalmente você veio".

sábado, 26 de novembro de 2011

Envolto.


Luíz estava com seus amigos. Todos estavam sorrindo, conversando, mas mesmo assim ele não se sentia bem. Seus olhos estavam fixos num só ponto, talvez esse o que ele precisava para se sentir bem. Todos ao redor comiam e bebiam, falavam de suas aventuras e tropeços, mas Luíz ficava calado, sempre na dele. Não comia, hesitava até em pegar o garfo.
Sentia-se triste. E mais triste ainda por ser o único que, mesmo com todos a sua volta, sentia uma angústia enorme de não estar com ninguém. Ele não estava bem. Como qualquer um não estaria ao se sentir sozinho em meio a tantos. Luíz só queria mesmo ver o mar, sentir o vento - ou qualquer outro sentimento - que o fizesse sair daquele vazio, que o tirasse daquela solidão. Só queria um abraço de uma só pessoa. Aí sim, ele se sentiria completo.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Carta Resposta

                                                                                                    Brejo Santo, CE 23/11/11

    Amigo K,

    Estive longe de você por mais de um ano. Vendo sua foto, vi que ficou melhor de cabelo cortado. Não sei você, mas de vez em quando eu me pego com uma pergunta que me fizeram: “do que você tem medo?” Sinceramente pensei muito e já sei o que responder. Mas só a ti. Por isso te escrevo.
    Tenho medo de não te encontrar mais, assim como não encontro mais a mim mesmo. Digo, eu não consigo mais me resolver sozinho. Tenho medo de cair no esquecimento de todos, principalmente no teu. Medo de não ser mais o garoto simpático e sorridente que era na sua idade. Também de ter que seguir em frente, como você também está tendo, aposto. De perder presentes e escritas importantes, como aquela carta que me mandou. Tudo está bem sim. Encontrei uma garota legal, você vai gostar de conhecê-la.
    Eu tenho medo mesmo é não saber prosseguir sem tua voz amiga, aconselhando-me quando preciso. Você consegue me acalmar com seus conselhos, meu amigo. Ah, que medo eu tenho de te perder...

                                                                                                                                    Afetivamente,
                                                                                                                            Kilder Kavalcante.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Apelo - Danton Trevisan.

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.

Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.

Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.

sábado, 12 de novembro de 2011

Rua 18 - Estupro da Gene

    Era tarde da noite e sempre que era tarde da noite, algo mágico acontecia na Rua 18: os prédios comentavam sobre os crimes que viam durante a madrugada naquela rua escura e vazia. O primeiro caso foi uma garota de 15 anos que foi estuprada.
             
       I – Estupro da Gene
   
    Tarde da noite, os prédios todos já se reuniam para a história da madrugada. O vento frio e a lua cheia davam um tom sombrio, o que deixava melhor ainda o conto. Começou então a contar, o Mercadinho...
    “Gene sempre passava por ali, ia comprar salgado na lanchonete para sua mãe. Era uma boa menina de 15 anos. Bonita, com belas curvas, olhos lindos. Não se sabe se era ou não inocente. Mas nessa idade as garotas gostam de chamar a atenção usando blusinhas decotadas e shortinhos bem curtos. Com Gene não era diferente. Ah, adolescentes inconsequentes. Eles mal sabem que existe tanta gente ruim quanto gente boa no mundo. E a pobre garota nunca percebeu que sempre que ela passava por um beco escuro, o Maníaco da Rua 18 a observava sedento por ela.
    Ele era um dos mais procurados da cidade. Ficava observando as vítimas por alguns dias até que, sempre na sexta-feira, aparecia de surpresa e as agarrava fortemente pelo pescoço, até ficarem inconscientes. Depois as levava a um quartinho, de onde se ouvia uma canção do Nirvana, Polly. Esperava que elas acordassem e depois alisava seu cabelo, e descia a mão por todo o corpo. Então marcava seus seios com os dentes, abria suas pernas e começava o serviço. Depois que tinha seu prazer satisfeito, matava e deixava o corpo na janela, para que todos vissem ao amanhecer.
     Quando Gene voltava, na sexta, da lanchonete, não percebeu que estava sendo seguida. De repente o homem a pegou por trás e a deixou inconsciente. Levou-a para um quarto e começou seu ritual. Gene ainda estava desacordada quando ele tocou as primeiras notas da canção: ‘Polly wants a cracker... ’ quando abriu os olhos entrou em desespero: estava nua, amarrada pelos pulsos e toda nua. Suas pernas não estavam amarradas, mas ela não conseguia mexê-las. O homem caminhou até ela, alisou seu cabelo loiro e desceu a mão pelo seu corpo branco e liso. ‘Que pecado gostoso’ disse o homem enquanto olhava para seus olhos claros. Ele passou as mãos em seus seios, redondos como taças de vinho. Deu a primeira mordida, no seio esquerdo, fazendo-a gritar alto. Que pena que ninguém poderia ouvir. A rua sem segurança, apenas prédios comerciais. Depois, violentamente abriu as pernas dela, e enfiou com tanta força que ela soltou um gemido fraco de dor, como um pedido de socorro. Sangrou um pouco, era virgem. Mais um detalhe sobre ele: só escolhia as virgens. Ele tinha lá seus truques de como descobrir, mas isso não vai constar aqui. No outro dia encontraram seu corpo na janela, com a marca do maldito em seu peito.“

Até quando as garotas de todo o país vão sofrer com isso? Não sei dizer, mas estamos longe desse dia. Pelo menos enquanto os assassinos estiverem à solta e ninguém nunca se importar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Somos.


"Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola"