quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Doce veneno de Aurora

Dos cabelos dela descem rios
Que regam o seu florescer
E esfriam um corpo quente
O mel dos olhos dela escorre e adoça os lábios
Os quais busco incessantemente.
E mergulhado até o último gole
nesse doce veneno
Faço do seu corpo uma cura
Que me cura do efeito causado em mim
De não querer me curar de ti
De todas as curvas por onde deslizo
Onde busco deslizar.
Ela tem a ressaca dos olhos de Capitu.
O mistério da amada morta de Poe.
A sensualidade de Marilyn Monroe...
E o desejava a toda hora
O doce veneno de Aurora.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Lágrimas no papel


"Nem o mais escaldante deserto seria pior que a minha culpa.
Nem a noite mais gelada faria jus ao frio do meu coração, quando tirei tal vida.
Era um homem inocente! São crianças inocentes que perdem o pai.
Foi morto apenas por querer paz, serenidade. Foi morto por ninguém.
Porque é assim que eu me sinto agora, enquanto escrevo, querido leitor: sou ninguém!
Nem a estrada mais longa fará com que eu esqueça dessa culpa que agora me segue onde quer que eu vá.
Inferno, Purgatório, Paraíso. Quem sabe onde eu estou agora?
Nenhum deus, se é que eles, de fato, existem, perdoar-me-ão por tal ato.
Meus passos afundam na areia: é o peso na minha cabeça, nos meus ombros.
O peso de tirar a vida de alguém. Afinal, o que sou eu?
- Ladrão! - ouço no fundo da minha mente.
Minha penitência nesse chão solitário será eterna.
Tirei a vida da única pessoa que me mantinha vivo: eu mesmo."


Lágrimas caíam sobre o papel, enquanto Juliana terminava de ler as palavras do ex-marido. Enquanto isso, um corpo pendia do teto com uma corda no pescoço. Mais uma vida era oferecida à Morte.