quinta-feira, 19 de maio de 2011

Uma hora

  18:00. O tempo corria como nunca naquele fim de tarde e Lucas sabia que se não fosse mais rápido, perderia a única chance de sair daquele lugar estranho. Seus pés calejados, olhos cansados, não aguentavam mais sentir e ver toda sua vida passar diante de si, provocando uma insônia.
  Tudo o que ele conseguia ver eram flashes de seus piores momentos, e alguns que ele até gostava, mas preferiria não pensar. Ele só ouvia uma voz que lhe dizia quase que cada hora: "Às 19:00 tudo sumirá. Seus melhores e piores dias, sua alegria e tristeza. Não haverá nem sorriso nem lágrima, só o silêncio eterno..." embora fosse isso o que Lucas quisesse, percebeu que ainda amava viver, sentir, e que sua vida teria algum valor caso escapasse dali. Isso o faria continuar, não a saudade da mulher, nem do emprego.
  Olhou pro relógio. 18:37. Estava suando frio, por mais que corresse, sua vida estava por um fio. Ele sabia onde tinha que chegar, mas o caminho parecia infinito aos seus olhos.
  Enquanto corria quase sem forças, veio-lhe a lembrança de seu último baile, que ele dançou com sua bela amada, que usava um longo e branco vestido de seda. "Parecia um anjo", pensou ele, encantando-se mais uma vez com aqueles olhos castanhos grandes e alertas, que lhe passavam uma paz assustadora. De relance num espelho, percebeu que suas pernas não apareciam, e que seu corpo sumia a cada minuto. Sua dama estava lá, toda no espelho, mas seus olhos eram inconstantes, e mudaram, para um vermelho vívido. Na boca, ela tinha um sorriso irônico, como um bandido ao fechar a porta do elevador, após um crime bem sucedido. Seus cabelos, agora virados em labaredas, chicoteavam com força o chão, fazendo subir a chama, e o fazendo suar ainda mais.
  Olhou o relógio e viu que não dava mais tempo. Não corria mais. Aranhas peludas atrasavam seus passos já lentos, fazendo-o cair sobre elas, que passeavam alegremente sobre sua coluna, dançando lindamente à luz da lua.
  19:00. O sino da igreja badalou sete vezes. O corpo de Lucas jazia em suas próprias lembranças, enquantro sete labaredas queimavam todo o salão neuronial...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Galeno foi à Londres

 Toda aula de quinta-feira, meu professor entra na sala, comentando que Londres está linda, que acabou de voltar de lá e o clima está ótimo por lá. A gente começa a rir, e pergunta se ele foi ver o casamento real (o tão badalado Casamento Real), e ele fala que foi convidado de honra da Kate, e viu tudo de perto. A gente ri de novo. "E como estão os parques de lá?" pergunto. "Estão perfeitos, lindos demais..." ele responde sorridente e radiante. Até parece verdade. "Volto já pra lá, depois do meio-dia." disse e deu sua aula.
 E era assim toda vez que ele chegava à sala: entrava, comentava, sorria, e dava a aula. Eu chegava a imaginar se ele ia mesmo à Londres, passear pelos parques, cortejar as britânicas... Deve ser muito bonito lá.
 Certo dia ele me chamou na sala dos professores, e fez a seguinte pergunta: "Você acredita em magia?" Eu segurei uma risada, e ele percebeu. "Claro que não acredito! Magia não existe." Ele fez cara de decepção, mas ainda assim sorria. "Eu sabia que você responderia isso." E depois me mandou pra sala de novo, assistir as outras aulas. Quando eu cheguei lá embaixo, contei pra todo mundo, e todos caíram na risada. "Magia? Ele deve estar caducando já..." disse um colega, e eu concordei com a cabeça.
 Na terça, ele chegou de novo radiante, e assim que entrou, fez um anúncio: "Hoje eu viajo de novo, e vocês vão ver como é verdade, e vão acreditar em magia." Todo mundo começou a rir alto, e eu falei: "Cara, isso é loucura, você não vai viajar através de um portal mágico que te leva a um ponto qualquer de Londres." "Ah é, você tem certeza?" Agora eu não tinha mais certeza, ele apostando tanto naquilo, botando fé, parecia até que iria mesmo viajar por um portal mágico.
 Chamou todos do colégio, até o diretor, pra provar que estava certo. Todo mundo estava dizendo que ele enlouquecera, e que não conseguiria. Então, ele tomou certa distância, respirou fundo, e foi correndo para a parede. Ouvi alguém gritando: "Pare-o antes que se mate!" e eu disse: "Eu já tentei de tudo, mas ele não deu ouvidos." E quando eu terminei de falar, um brilho forte incandesceu a sala, e quando tudo voltara ao normal, ele não estava lá. Todos ficaram com cara de bobos, e eu não consegui acreditar: Galeno foi mesmo à Londres.



*Texto pro Bloínquês

domingo, 8 de maio de 2011

For you, mother...

I would wish you had stayed here.
sitting in my side.
But you're so far away,
is a distant town.

You who gave me life,
and I miss you now.
But one day I'll find you,
I'm sure.

'Cause I hated you before,
and I love you now,
Don't understand why you had left me,
but I do at last.
And all I wish you today,
is a Happy Mother's Day.
A Happy Mother's Day...
It's all I have to say.

Meu futuro sem você

Os meus planos e metas,
e sonho mais profundo
te incluem como parte
integrante de meu mundo.

Não me faça desistir,
não me diga não,
meu futuro sem você
não terá certa razão.

Sempre espero que passe o tempo,
para que o amanhã venha
E comigo eu te tenha...

Não conseguirei sorrir,
se no meu futuro lindo,
sua face não existir.



*Para o Bloínquês

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Fervendo!


"Quando penso em você eu tenho febre!"
(Renato Russo)

Eu fico doente, de verdade! 
Você não sabe o quanto dói dentro de mim isso tudo.
Não é você que a saudade atinge em cheio.
E quando menos espero, estou deitado em minha cama, ouvindo uma canção que me
lembra você: "Hole in my soul" (Buraco na minha Alma)
Uma das músicas mais tristes que já ouvi, e ela me lembra você.
Por que será?
Seria pelos seus versos tristes? Ou seria a melodia?
“E me diga como você se sente, por ser aquela que gira a faca dentro de mim"
Acho que isso explica bem, não é?
Mas o pior de tudo, é que eu não consigo deixar de gostar de você.
Eu sempre fico esperando você voltar.
Sempre me imagino ao seu lado.
Mas você me dá febre!
Você me afeta!
E como diria o Humberto: 
"Teu olhar, sempre distante, sempre me engana, eu entro sempre na tua dança de cigana"

É isso, minha querida, volte logo.
Gosto e odeio de te sentir perto...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O beijo do adeus.

           Tisha caminhava na rua, ainda lembrando de seu último pesadelo, onde Ledrik, seu grande amor e agora anjo da guarda, enfiava uma espada no seu peito nu. Não conseguia tirar a imagem dos magos e dragões da cabeça, e sabia que ele só iria vê-la quando chegasse a noite. Quando poderiam conversar e sentir um ao outro.
            Mas havia algo errado com ela, não havia mais aquele entusiasmo de sempre. Ela não sorria mais como antes, ao lembrar que iria ver o seu amor. Parecia mais uma visita de um amigo qualquer. Olhava para os lados, mas não prestava atenção em nada, sua cabeça não estava ali. Acontece que a pouco vira alguém que mexera com sua mente, alguém que a tirou do seu chão. Parecia amor. "Mas o Led voltou pra mim, a gente se amava tanto..." Pensava ela, triste por não sentir mais nada, por aquele que voltou em forma de anjo, pra protegê-la, e ficar junto dela. É certo que esse novo amor a deixou desnorteada, mas ao menos era amor, e não horror, como no seu pesadelo. Até parece que era um aviso, que tudo iria ter fim, mas é lógico, tudo tem um.
            Longe dali, bem acima das nuvens, Led estava deitado, ouvindo os pensamentos dolorosos de sua amada, e ponderando sobre as decisões dela. Sim, seria melhor mesmo ela arrumar outra pessoa, alguém físico, que pudesse estar com ela sempre que ela precisasse, e não só à noite. Mas havia outro porém: o tempo dele estava acabando, logo ele não poderia mais ficar perto dela, nem de dia, nem à noite. O seu amor não acabaria nunca, mas ele sabia que tinha que a deixar livre, afinal, ela era humana...
            Quando chegou a noite, Tisha estava sentada na cama, comendo doce, esperando pela visita de Led. Mal sabia ela que essa seria a última vez.
            Não chorava, mas seus olhos estavam cheios de lágrimas. Respirava devagar, quase suspirando. Ele apareceu, com as asas fechadas, no canto do seu quarto. Os olhos tristes, a face dura, o corpo sem nenhuma roupa. "Como você está?" disse ele, "estou bem" respondeu ela. Mas sua cara não negava. Ela queria correr pros braços dele, e derramar um rio em lágrimas. Mas não o fez. Ficou ali, sentada, olhando para ele, e tentando demonstrar alguma força, algum esboço de sorriso. Ele se aproximou, tocou sua face, e disse: "Eu sei que não está bem, eu te vejo todo dia Tisha. Não adianta me negar que você não sente mais aquele amor, que está gostando de outra pessoa..." ela interrompeu: "Eu agradeço mesmo, todo esse tempo que esteve comigo, não queria terminar assim. Eu não te amo mais. E é duro dizer isso." "Então não diga", disse ele, "apenas escute o que tenho a dizer" ele se sentou ao lado dela, segurou sua mão, e olhou nos seus olhos, e disse: "O meu tempo aqui está acabando, eu estava te vigiando, porque nem eu conseguia te deixar, e nem você aguentaria se eu fosse. Mas algo bom aconteceu, você está amando um humano, o que me deixa livre, para finalmente voar pra longe..." Dizendo isso, ele sorriu, e levantou-se: "Vem cá, há algo que ainda tenho que fazer antes de ir" E nisso, ele a pegou pela cintura, enroscou-a em suas asas, e a beijou pela última vez. Agora as lágrimas caíam como pingos de chuva, sem hora de parar. A luz branca foi se desfazendo, o quarto foi ficando escuro. Ele se foi, para sempre, e ela sorria, feliz por saber que ninguém mais iria sofrer. E antes que ela deitasse, viu uma pena cair sobre o travesseiro. Talvez uma última lembrança, talvez uma promessa de volta... Não se sabe, o que é certo é que viveram uma bela história de amor.


*Texto para Bloínquês.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

É como...


É como chá para os ingleses,
E samba para os brasileiros.
É armadura de guerreiros,
E romantismo dos franceses...

É a paz que procuram os soldados,
A guerra dos humilhados,
O teu amor é tudo isso,
é tudo isso que preciso...

domingo, 1 de maio de 2011

Uma vez Flamengo...

...Sempre Flamengo

 Vencer uma final é sempre bom, não é? Mas vencer do Vasco, é melhor ainda.
E ainda mais porque em 22 anos, o Flamengo não perde uma final sequer pro eterno vice...
Desde pequenino, quando meu pai (que é vascaíno), fez uma das coisas mais importantes da vida dele: Deu-me uma camisa do Mengão!
 Desde então não deu outra: Já chorei quando o time perdeu decisão, já pulei nas vezes que foi campeão (e foram muitas), xinguei o juiz, os jogadores... Mas nunca, nunca pensei sequer em mudar de time.
 Toda vitória, mesmo que por 1x0, já cobre a decepção de perder uma vaga nas quartas, ou uma semifinal contra algum grande.
 Não é a toa que tem a maior torcida do mundo, quem não se encantaria com o futebol dos grandes do passado, como Zico, Junior, Adílio, e muitos outros, além dos que já passaram pelo clube, como o agora goleiro da Inter de Milão, Júlio César, ou o grande Pet, e até o Adriano. E também os de agora: Léo Moura, que pra mim, é o melhor do time, David Braz, Thiago Neves, o Gaúcho, e um dos melhores zagueiros que o Fla já teve, o eterno capitão, Fábio Luciano. São muitos os que já jogaram nesse, que é o clube com mais títulos estaduais entre os grandes do Rio: 32 vezes campeão carioca! E ganhar mais uma vez do Vasco, vamos concordar: It's fucking awesome! 
  Toda vez que o Fla é campeão, sempre tem algum torcedor freguês que vem dizer: "Ah, o juiz ajudou vocês" ou: "Ah, o jogo foi comprado". Mas se o rubro-negro perde, é porque é ruim! Não entendo essa lógica anti-flamengo.
 E hoje, mais uma vez, vencemos (sim, eu digo vencemos) mais uma final contra o Vasco, e no melhor estilo do Fla: Pênaltis. Eu rezava para o Felipe defender as cobranças, mas nem foi preciso, os vices só batiam pra fora. Assim ficou até fácil! Mas quando o Fierro chutou por cima do gol, bateu aquela apreensão. Mas depois o Fellipe Bastos também errou, e foi como se fosse um gol. Melhor ainda quando o Fernando bateu e marcou. E confesso, até pensei que o Thiago Neves iria perder o pênalti, e que tudo iria ficar nos pés do Gaúcho. Mas não, o Thiago bateu no canto direito, e o goleiro pula pro esquerdo, e aí meu amigo, só alegria. Foi quase que um orgasmo ver o Flamengo ser campeão numa partida tão emocionante que foi essa, e ainda cobrando pênaltis. Eu até chorei de emoção, e os carros passavam na rua, buzinando e tocando o hino mais bonito, mais cheio de alegria, enquanto os jogadores dançavam a nova onda na Gávea: "To sem freio, to sem freio, é o bonde do Mengão sem freio..."
  Aah, resumindo, é sempre bom ver o Mengão ganhar, e ainda invicto. Temos aí pela frente o Vozão, na Copa do Brasil quinta-feira, e logo mais o Brasileirão, e o primeiro jogo é contra o Avaí, dia 21 de maio. Vamos torcer pra que o Bonde continue sem freio.
  Saudações Rubro-negras.