sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

No espelho


Ele gostaria de receber mais atenção de todos. De receber mais visitas, ligações, mensagens. Mas ninguém sabe. Isso porque ele finge que não se importa se vão ou não o ver, se o ligam ou não. Fica sempre fechado, olhando pra si mesmo no espelho, contemplando sua solidão. Mas como alguém poderia se importar com tanto orgulho em pessoa? Tanto egoísmo em uma mão? Ele finge que não sabe o motivo. Mas por dentro o garoto solitário grita e chora, pedindo por um abraço, um afago. Algum carinho. Enquanto que por fora segue afastando todos que ainda tentam dar a ele algum amor. Seu orgulho não o deixa admitir, mas ele sabe que viver isolado não ajuda em nada, só aumenta sua solidão. Mas um dia ele vai perceber que a sociedade existe não só pra encher seu saco, como também para ajudá-lo a sair dessa sua prisão de si mesmo, onde ele fica de longe. Sofrendo calado.

domingo, 25 de dezembro de 2011

A garota da festa

    A garota tinha seus olhos enormes e brilhantes enquanto voltava para casa no carro de seu pai, com quem tinha ido à festa. Olhava para todas aquelas luzes, as mesmas que seu mais novo amado viu, enquanto voltava para casa. Ela sabia que enquanto pensava nele, ele pensava nela. Seu sorriso era indescritível, aquele garoto não saía de sua cabeça.
    Chegando a sua casa, foi correndo ao quarto, onde começou a rodar e a rodar, dançando sozinha. Seu vestidinho amarelo rodava aos passos dela, como numa volta de valsa. Olhando pro espelho, ficava pensando em quando o veria de novo. Passou pela sua mente uma vida inteira. Que começou naquela festa, quando o rapaz a olhou e sorriu. As luzes da festa não ajudavam muito, mas ela o via e gostava daquilo. Sorria de volta sempre que ele a olhava, como se dissesse “vem dançar também, é só se soltar”.
    Depois de tomar umas três ou quatro tequilas, seu corpo não sentia mais cansaço, ela dançava enlouquecida.  E ele sempre lá, observando de longe aquela garota que encantava todos com sua alegria e seu sorriso. Quando menos esperava, lá estava ele junto dela, que balançava pro lado dele, sempre sorrindo. Ela sabia que estava envolvida por ele, e que era correspondida. Tomou-o pela mão e o levou para um lugar mais calmo, onde poderiam conversar.
    Horas de conversa depois o rapaz a abraçou e suas bocas se encostaram e um beijo aconteceu. Na sua cabeça tudo parecia passar devagar. As luzes, as pessoas, até a música. Tudo passava devagar. Não havia dúvida: ela se apaixonara. Mas como num sonho bom que você acorda na melhor hora, ele teve que ir. Seus olhos fitavam sua camisa branca indo além da porta de saída. Seus passos vagarosos e uma última troca de olhares antes de eles não terem certeza de que se veriam outra vez, algum dia. Depois disso, ela não o tirou mais da mente, até que seu pai a chamou e ela entrou no carro.




*Não sei vocês, mas para mim, a Serena Van der Wodsen (Blake Lively) de Gossip Girl, é uma das garotas mais espontâneas que já vi, então, quem melhor para representar a garota da festa que ela, não é?


sábado, 24 de dezembro de 2011

Voltando sozinho.


 
    Ele voltava da festa, sozinho na rua. A camisa estava quase toda aberta e nem usava mais a gravata. Seus pensamentos estavam em muitos lugares, próximos e distantes. O Brooklyn estava iluminado naquela noite, e ele se encantava com todas aquelas luzes. Uma brisa leve o levava a memórias remotas, escondidas em sua mente. Pessoas que o marcaram, momentos alegres, até as brigas sem sentido.
    A caminhada seria longa, mas ele não se importava. Não trocaria por nenhum taxi a sensação que estava sentindo enquanto caminhava pela calçada larga da rua. Um sorriso veio ao seu rosto quando aquela garota veio a sua mente: “ela é demais,” pensou. Viu uns garotos conversando alto na esquina, talvez sobre o último jogo dos Yankees, não sabia ao certo. Lembrou de quando jogava com seu pai, na sua antiga casa, em Manhattan. Ah, seu velho era o melhor batedor. Nem mesmo os melhores batiam seu pai. Bateu aquela saudade, seu pai morrera há anos...
    As luzes não o deixavam olhar pra outro lugar a não ser pra cima. Onde ele via o céu cheio de estrelas, e sorria para elas, como se sorrisse para o Sr. Porth, seu falecido pai. Mas então lembrou que tinha consigo, não no momento, mas sempre ao seu lado, os melhores amigos que poderia ter. Desde que se mudou e os conheceu, nunca o deixam faltar carinho e afeto. E aquela garota, ah, aquela garota fantástica que conheceu naquela festa. O seu sorriso brilhava mais que a Times Square em noite de virada de ano. Ele não via, mas seus olhos brilhavam quando pensava nela. Chegando a sua casa, deu um abraço no seu cachorro, tirou a roupa, tomou um banho e foi deitar.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

                                                                                              Brejo Santo, CE 23/12/2011

    Querida J...

    Faz tempo que não nos vemos, lembro-me do último natal que passamos juntos, na rua, na festa... Depois disso você se foi, não me disse pra onde, eu só queria te desejar muita paz, amor, e que um dia você volte pra cá. De você ficaram as lembranças de quando a gente saía pra conversar na pracinha da igreja, quando todos achavam que estávamos gostando um do outro...
    Ontem andando pelas ruas, olhava para tudo: o céu estrelado e as árvores com enfeites. As luzes de Natal enfeitam a cidade e isso me lembra daqueles teus olhos grandes e brilhantes, que me eram duas grandes luas. Espero que esteja bem e que tenha um belo Natal. Tanto aconteceu enquanto você está aí fora. Sabe aquele bigode? Pois é, eu tirei, mas continuo o mesmo garoto magro e alto de sempre. Lembro que você não gostava nenhum pouco das garotas com quem eu andava, chamava-as de patricinhas. A gente sentava no mesmo banco da igreja, e conversava durante. E no carnaval, que você me pegou de surpresa? Ah, quero você por aqui de novo...
    Escrevo-te para dizer que sinto falta das nossas saídas, risadas e discussões sem rumo. Aprecio-te muito, minha querida.

                                                                                                                          Afetivamente,           
                                                                                                                        Kilder Cavalcante

domingo, 11 de dezembro de 2011

Informatividade x Futilidade


 É incrível que com tanto que acontece no Brasil: corrupção, intolerância e insegurança, canais passam a tarde e noite falando sobre a vida de quem não interessa. A televisão hoje não informa, só serve pra entreter o cidadão enquanto apanha de todo modo. O pior de tudo é que muita gente dá audiência a esses programas. Por isso que eles não saem do ar e continuam a bloquear a mente e a fechar os olhos do povo.
 Sem falar também na quantidade de novelas existentes. Elas estão no ar para te dar uma visão errada da vida, somente te prendendo ali, no sofá, para que você não veja o que acontece ao seu redor. O que está na sua cara. Tudo isso porque, num dialeto inculto, esses canais são ‘um bando de paus-mandados’ de políticos e grandes corporações, que devem pagar muito bem.
 As pessoas que dão audiência poderiam olhar mais ao seu redor e menos para frente da T.V.. A televisão brasileira precisa se dar ao valor!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Cidade da cegueira


 Sejam bem-vindos, todos vocês! Ladrões, temos muitos pobres para vocês terminarem de roubar. Os “home” aqui não "incomoda". Levem da pobreza os moveis, dinheiro, cartões e a dignidade. Ninguém aqui vai os vai parar. Aproveitem! Ora, não se acanhem, sempre tem lugar pra estupradores na nossa cidade. Vejam: garotas lindas, peitudas e “bundudas”, só pra vocês.
 Ah, mentirosos, que saudade vocês faziam. Que bom que vieram! Vocês também, preconceituosos, o que não falta é gente fraca por aqui, até porque a segurança é negativa na nossa cidade, a qual é propícia para a discriminação, falta de ética e descaso. É tão lindo o caos social!
 Não fiquem aí parados, mal-feitores de outros lugares, venham já pra cá! Ninguém os vai impedir de roubar ou espancar um ou dois fracos. Tudo é bem definido: se for cidadão de bem, apanha! Mas por favor, não se esqueçam, antes de tudo, de agradecer a quem vos propicia tão singela gentileza: os senhores políticos!