domingo, 20 de novembro de 2016

Ser otimista

Sempre me disseram
Para ser mais otimista
"Mas por que?", pergunto eu
E me respondem que é óbvio
Então como não vejo isso?
Se é tão óbvio assim
Por que ninguém sabe responder?

Se a violência fascina tanto
Até mais que a bondade
Se preferem xingar, bater
Perseguir, expulsar
Se preferem fazer piada
E desmerecer uma causa
A estudar, pesquisar, respeitar
E manter um diálogo
Como posso ser otimista?

Se a cada ano que passa
O ódio entre duas cores
Divide cada vez mais o povo
Se um ato de respeito
Se um ato de bondade
É taxado de "ato de comunista"
E as pessoas não se dispõem
A fazer uma pequena pesquisa
E preferem manter com força
Um discurso cheio de ódio
Como pode haver otimismo?

Desculpem dizer, mas esse novo ano
Vai nascer mais desgraçado
Que a morte do atual

domingo, 6 de novembro de 2016

A chuva cai

A chuva cai barulhenta nas telhas
E minha alma a solidão devora
O que fazer se, aqui nesse quarto
Ela não sente o mesmo de outrora?

As paredes se aproximam cada vez mais
E eu sinto meu fôlego esvaecer
A solidão me come com grandes mordidas
De dentes grandes a me remoer

E enquanto isso a chuva cai forte
Mas a chuva não molha minh'alma
E não lava esse profundo corte

Mas a chuva leva algo meu, oh sim!
Ela leva as lágrimas dos meus olhos
Que formam cachoeiras sem fim