terça-feira, 11 de agosto de 2015

Ei, você, poderia me dar um abraço?

      Roger Waters uma vez escreveu "juntos nós resistimos, separados nós caímos" em uma das várias obras de arte do Pink Floyd, "Hey you". Mas por que será que tantas e tantas pessoas não enxergam isso? A gentileza, os sorrisos, e os "desculpe-me" ao pisar no pé de alguém, sem querer, no ônibus, estão tão escassos que chegam a causar surpresa.
      É como se cada um vivesse isolado, cercado com seus próprios muros, separados uns dos outros e sendo alimentados por uma mídia alienante. Mesmo os que resistem e tentam de alguma forma derrubar o muro da solidão (do auto-exílio para outros), aos poucos veem a chama da esperança se apagar.
      Waters pergunta na canção "você me ajudaria a carregar a pedra?" e fica tão claro o quanto nós precisamos de ajuda, o quanto precisamos nos ajudar. Há um câncer no mundo chamado 'egoísmo', ele se espalha rápido e preenche até a borda um coração vazio. Aos poucos os abraços e os sorrisos vão ficando sem espaço nesses peitos, até se esvaírem completamente. Mas mesmo assim sempre haverá um fósforo a mais, um tiquinho de barbante preso em um bocado de cera para reacender essa luz. Espero que possamos enxergá-la.

Ser-me

Na loucura sórdida que é me ser
Qualquer ensejo que seja
Faz-me ter-me como objeto de pouco desejo.

Na loucura ilógica que é me ser
Qualquer ensejo que seja
Faz-me crer que de nada valho.
Que ser iria querer-me como queria ser querida?

Na loucura mórbida de me ser
Já não sou.
Não sou porque não posso ser.


- Clarice Leopoldo Durão

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Solidão

Fiz da solidão meu porto seguro
Pois é ela que me abraça
Quando tudo fica escuro.
Pois com toda exatidão
Eu nunca estou só
Mesmo estando em solidão.