domingo, 8 de maio de 2016

A Flor e o Fuzil

Ei, senhor Fuzil
Não somos o inimigo
E eu sei também, sr
Que você não é o nosso

Sra Pistola, veja bem
Não era pra estarmos frente à frente
Nessa dança do poder
Mas, sim, lado a lado

Eu sei, sr Bomba
O sr só segue suas ordens
Mas somos apenas Flores
Em fase de crescimento

Não somos o inimigo!
Mas temos um em comum, sr Fuzil
O inimigo é um Ventríloquo louco
Ele puxa seus membros com fios
E faz o grito dele sair da sua boca

Não seja mais um Fuzil de madeira
Disparando a Violência encomendada
Emborrachada e embalada
Meu caro sr Fuzil

sábado, 7 de maio de 2016

Uma casca vazia

                Geraldo gosta de sair com os amigos. Quando sai junto com eles, Geraldo se sente vivo. Ele ri, dança, beija, diverte-se, faz piada, canta, toca. O melhor momento do dia é quando todos os seus amigos se reúnem em círculo, tipo aquele pessoal de humanas mesmo, e fica tocando violão, tomando cerveja e conversando sobre a vida, sobre música, sociedade e a natureza. Sobre lutas e história também. Geraldo se sente vivo e completo quando está com seus amigos e melhor ainda com a namorada, com quem tem momentos bem íntimos.
                Mas depois que chega em casa e tira a roupa, toda aquela animação parece léguas e léguas distantes. Geraldo só quer deitar na cama e chorar. Sente fortemente a angústia de não saber ser feliz sozinho, de só se divertir quando outros estão ao seu redor. Sente aquele vazio no peito, um oco tão profundo que chega a doer. Tenta forçar um sorriso, uma tentativa ridícula de tentar ficar bem, de expressar felicidade, mas só sente a angústia. Um leve desespero bate na porta do seu quarto, dizendo que ele consegue superar, que aquilo é uma fase e logo logo ele estará sorrindo de novo. Sim, ele pode até sorrir, mas não será sozinho, ele sabe. Geraldo se sente uma casca vazia, frágil, quando está só.