sábado, 7 de maio de 2016

Uma casca vazia

                Geraldo gosta de sair com os amigos. Quando sai junto com eles, Geraldo se sente vivo. Ele ri, dança, beija, diverte-se, faz piada, canta, toca. O melhor momento do dia é quando todos os seus amigos se reúnem em círculo, tipo aquele pessoal de humanas mesmo, e fica tocando violão, tomando cerveja e conversando sobre a vida, sobre música, sociedade e a natureza. Sobre lutas e história também. Geraldo se sente vivo e completo quando está com seus amigos e melhor ainda com a namorada, com quem tem momentos bem íntimos.
                Mas depois que chega em casa e tira a roupa, toda aquela animação parece léguas e léguas distantes. Geraldo só quer deitar na cama e chorar. Sente fortemente a angústia de não saber ser feliz sozinho, de só se divertir quando outros estão ao seu redor. Sente aquele vazio no peito, um oco tão profundo que chega a doer. Tenta forçar um sorriso, uma tentativa ridícula de tentar ficar bem, de expressar felicidade, mas só sente a angústia. Um leve desespero bate na porta do seu quarto, dizendo que ele consegue superar, que aquilo é uma fase e logo logo ele estará sorrindo de novo. Sim, ele pode até sorrir, mas não será sozinho, ele sabe. Geraldo se sente uma casca vazia, frágil, quando está só.

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