sábado, 29 de outubro de 2011

Sim

"Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser."

(Ricardo Reis)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Eu e meus conflitos psicológicos.

 Hobbies.

    Eu tenho um vício. Quem é que não tem, não é mesmo? Vícios são como hobbies, mas nem sempre são saudáveis. O meu só parece ser saudável para mim, eu acho. Talvez nem para mim, mas não importa. Eu não o consigo fazer parar, acho que ninguém consegue. Até porque você nunca quer parar, esse o problema (ou não) de quem é viciado em algo.
    Existem muitos tipos de vicio: roleta, sexo, tem gente que é viciado em solidão, outros são viciados em festas e barulho. O meu tem sempre que ser o mais solitário e silencioso possível. Está na lista daqueles que nem sequer podem ser citados em uma lista. Eles são segredos que você esconde ou não de todos, ou só de alguns. Algumas vezes conta para o pai, um amigo mais próximo, um irmão. Mas eu não pretendo contar o meu pra ninguém, tento esconder até de mim mesmo. Vai morrer comigo.
    Embora eu seja mesmo um tagarela, nem bêbado isso vai sair de minha boca. É um grande segredo, como outros bem secretos que eu guardo somente para mim, e mais ninguém. Aliás, quem não gosta de um mistério, não é mesmo?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Eu e meus conflitos psicológicos.

   
O corredor.

    Caminhando calmamente percebo que ali a frente um rapaz corre. Um corrido afobado, cansado. Por que será que corre aquele rapaz? Será que está atrasado para o jantar? Vai ver só corre por correr, por ser um bom exercício, o qual eu nunca pratiquei.
    Seria muito o seu correr, se eu não tivesse percebido que ele olhava para trás, como se alguém o perseguisse, com medo nas pernas. Sua respiração deveria estar acelerada. Aquele homem que corre fortemente. Deve correr por algo importante. Pode ser que esteja fugindo de alguém, sim deve ser isso. Mas eu não vejo o seu rosto.
    De repente, percebo que ele não é o único que corre ali. Eu também corria. E corria fortemente, como aquele rapaz lá na frente, que parecia desesperado agora. Então é isso, ele corre de mim. Oh, Deus. O que será que ele me fez? Por qual motivo eu o estaria perseguindo, ou ele estar fugindo de mim? Ele quase tropeça nas próprias pernas. Tortas, por sinal. Eu chego cada vez mais perto dele, e isso parece o incomodar bastante. Eu só quero saber o que está havendo. O que o está afetando.
    Finalmente consigo acompanhá-lo. Ofegante ele tenta se desvencilhar de meu braço que o segura com força. Quando olho no seu rosto, surpresa! Aquele era eu. E eu dizia para o outro eu que não se pode fugir de si mesmo. Um dia você vai ter que se aceitar e conviver com todos os seus defeitos e qualidades. Que um dia a máscara cai e você vai ter que saber como viver sem ela. Ninguém pode viver fugindo de seus fantasmas, problemas e medos.  Um dia tudo vem abaixo, e você terá que saber como enfrentar.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Eu e meus conflitos psicológicos.

 
        Há momentos em que você não consegue esconder mais o fato de não se importar com algumas situações que geralmente as pessoas dão muita importância. Eu fico um pouco confuso com o que realmente vale à pena se importar. Pessoas se reclamam todos os dias do mesmo problema, das mesmas pessoas, mas nunca, nunca fazem nada pra mudar, ou tentar melhorar. Nem pra servir de consolo servem. Só querem falar e falar... Nunca querem te ouvir.
        Como demonstrar interesse quando não se está interessado? Eu tento descobrir como ajudar, mas são problemas tão fúteis que talvez a solução seja sorrir e dizer qualquer frase sem sentido. Qualquer palavra que tenha certo poder. Assim talvez, e provavelmente, obtenha-se uma resposta melhor elaborada para o problema fútil em questão. As pessoas gostam do que causa impacto, do que venha a ser misterioso. Acham bonito tudo que não entendem bem, pelo fato de que servirá para algo mais na frente. Porque sempre uma frase impactante causa isso nas pessoas. Elas vão querer buscar respostas a partir de uma sentença qualquer, desde que as impressionem.
        Minha mente abrange muitos pensamentos, nem sempre são os melhores. O que penso, nem sempre digo. Mas o que digo, foi bem pensado. Estou tentando descobrir porque muita gente ainda se importa com quem não merece. Com quem não se importa. Vai ver seja por amor, ou por qualquer outro sentimento que exista entre eles. Eu sou adepto da desistência, mas de vez em quando gosto de um esforço, de tentar achar um algo mais.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Só detalhes

Toda essa tua beleza,
toda essas curvas, 
que me deixam a visão turva,
De nada valem, tenho certeza
Sem essa tua essência
que me envenena
e que me cura.
São só detalhes minha querida
Seios, pernas, curvas...
Sem esse brilho em teus olhos
sem esse sorriso em teu rosto
esse cheiro que me dá vida.
Essas curvas de nada valem
sem teu encanto de 15 anos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Do passado ao presente

Brejo Santo,  CE - 12/10/2011

Querido K,

Lembro-me daqueles velhos tempos em que corríamos pela rua, depois de tocar uma ou duas campainhas de casas alheias. Das nossas partidas de futebol no meio da rua, ferindo nossos pés no calçamento disforme dos paralelepípedos. De quando nossos problemas eram apenas comer, dormir e comprar cartinhas de Yu-Gi-Oh... Até tenho saudades daquele tempo. Mas agora sei que já estais muito a frente disso.

Só quero te pedir que nunca esqueça do que já fomos, e nem daquilo que já fizemos. Que guarde sempre dentro de você, essa memória de mim. Do nosso passado. Que nunca deixe morrer o seu sonho de criança, que eu ainda lembro muito bem qual é... Espero que você não deixe pra lá as brincadeiras, as paixonites, os velhos amigos, porque sim, esses são os verdadeiros, os que estiveram conosco sempre, desde o dia em que aprendemos a ser gente. Deve seguir em frente, sim, mas não perca a magia de ser criança novamente. Porque a infância só vem uma vez, e depois tudo vira lembrança. Como aquelas partidas de botão, ou os campeonatos de quem fala menos besteira, ha-ha... Ficávamos sempre empatados.

Enfim, estou torcendo pra você ter um bom futuro. Numa boa faculdade, com bons amigos, novos e velhos. Se der, melhore esse seu problema que sempre teve com as garotas. E por favor, nunca se esqueça do seu pequeno amigo, que eu sei que está dentro do seu peito, para sempre.

Carinhosamente,
Kilder Cavalcante.

domingo, 9 de outubro de 2011

Amor: Humor

                                             



            Amor         Amor   Amor         Amor      AmorAmor           AmorAmor   AmorAmorAmor  AmorAmorAmor
            Amor         Amor   Amor         Amor      Amor  Amor        Amor  Amor  Amor         Amor   Amor           Amor
            Amor         Amor   Amor         Amor      Amor   Amor      Amor   Amor  Amor         Amor   Amor           Amor
            AmorAmorAmor  Amor         Amor      Amor     Amor    Amor   Amor  Amor         Amor   AmorAmorAmor
            AmorAmorAmor  Amor         Amor      Amor       Amor Amor    Amor  Amor          Amor  Amor            Amor
            Amor          Amor   Amor         Amor     Amor             Amor         Amor   Amor         Amor   Amor             Amor
            Amor          Amor   AmorAmorAmor    Amor                                Amor   Amor         Amor   Amor               Amor 
            Amor          Amor   AmorAmorAmor    Amor                                 Amor  AmorAmorAmor  Amor                Amor




Para demonstrar o quanto, para mim, o amor é engraçado. Inspirado no texto de Oswald de Andrade, cujo título é "Amor" e o corpo do texto é "Humor".

Bella rosa


Sim, haverá amor se você quiser.
Aceite esse amor meu
Permita-me envolver-te em meus braços 
e te sentir em meus abraços.
E corresponda.
Não me deixe sem uma resposta.

Oh, "Réponds à ma tendresse..."
Não me deixe, não me deixe
não me deixe sem saber

Venha ser a minha musa
responda-me
corresponda-me
disponha-se sobre mim.
Oh, sobre mim...

Minha bela morena de olhos escuros...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Venha, minha peixinha

Simplesmente olho pra ela e falo?
chega e fala, não há mais pra q ficar se maltratando
vamo comprar um refri..
vamo ver os peixes
Vamo ali olhar as estrelas
A Lua esta tao linda hoje...
e os peixinhos querem refri...
Vamos conversar um pouco
ver os peixes, eles estão lindos... como vc meu amor !
As estrelas brilham... Assim como seus olhos.
e o ar fresco,com o perfume dos peixes nessa piscina,oscilam meu ser...
me faz te amar mais e mais , minha querida
venha , venha minha peixinha

Poema feito pelo msn, por Mariana Dantas e eu. Preferi não modificar a escrita, perderia a graça que tem. Então ficou nisso, esperamos que gostem.

Carta de Vargas (Datilografada)

“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fi z-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente.


Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.
Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”


terça-feira, 4 de outubro de 2011

A última morte

Andy era um matador de aluguel, dos bons, que só sentia amor por uma pessoa: o seu pai. Já que sua mãe os abandonou e deixou seu pai muito mal. O seu último encontro com sua mãe, Elizabeth, foi mesmo o último. Ele a matou, a pedido de um cliente que lhe pagou muito bem. Eu tinha que contar isso, ou então não iriam entender a história, já que esse não é o começo...

           Andy estava deitado na cama. Era aniversário de seu velho e ele planejava fazer uma festinha.
           "Vinho, massa e um porco assado." Estava lembrando da última festa com os pais ainda juntos. "Sorria para a foto, Andy." dizia sua mãe.
           Era sempre assim nas festas: todo mundo sorria e fingia que tudo estava bem, mas Andy sabia o que se passava com os pais. Aquilo era só para enganar os amigos e vizinhos. O casamento deles estava por um tris. 
           Agora ele queria se concentrar na festa do pai. Iria chamar os velhos amigos, os fiéis funcionários do Cassino e também algumas garotas para animar. "Com certeza ele vai gostar disso."
           Ele não sabia, mas seu pai estava a caminho de sua casa. Precisava contar algo importante ao filho, que certamente gostaria de saber.
           Um envelope apareceu embaixo da porta e Andy pensou: "Ah, logo hoje?" Pegou o envelope e colocou na cama, pensando se abria ou não. Embora não quisesse, a tentação de abri-lo foi mais forte. Seu rosto ficou pálido. Sua respiração instável. Ele não queria acreditar.
           Andy soltou a foto e pegou a arma. Apontou para sua cabeça e atirou. 
           O seu pai chegou ao prédio e subiu. Além de Andy, ele era o único que tinha a chave. Estava muito animado, mas sua expressão mudou quando ele viu o corpo do filho no chão, rodeado de sangue. Ligou para uma ambulância, ele sempre foi calmo, pedindo socorro. Na parede, viu algumas fotos, inclusive a de sua ex-mulher, e a data em que ela morreu. "Então foi ele..."
           "Quando retiraram meu filho dali, eu vi que tinham outras fotos jogadas, provavelmente mais vítimas. E surpresa, encontrei uma foto minha ali. Eu seria o próximo então, mas o Andy não teve coragem de me matar. Preferiu sua morte à minha. Filho, onde quer que esteja, saiba que eu o amo." E as lágrimas do pai se deram a cair.
           Ao nascer do sol, Johnny Owes foi à sepultura do filho. O vento estava fraco, quase uma brisa. Mantendo os olhos no céu, sentiu essa brisa bater no seu rosto, e sorrindo falou: "Sim meu filho, você é meu maior orgulho." e voltou para casa feliz.  
            O vento soprou de novo, fazendo as folhas descobrirem a frase da lápide dele, que dizia: "Porque se em toda a vida, tivermos o orgulho e respeito de alguém que amamos, qualquer trabalho, loucura ou besteira, valerá a pena. Pai, eu te respeito, mas acima de tudo, eu te amo."

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Isso não é tudo


Ontem seu olhar me cortava em partes
iguais enquanto me fixava 
vagarosamente.
 
 E o seu sorriso era de um grande
resplendor, porque não
é sempre que tu
me sorris
 assim.
 
Seu abraço foi tão quente e 
apertado que me deu
vontade de não
te soltar
mais

Porque você sabe que sua pele
morena é de toda maciez
que eu preciso pra
me perder
em ti

Talvez você me entenda,
talvez não.
Isso é tudo