quarta-feira, 6 de junho de 2012

Um ponto final



Toda vez que escuto Summertime da Janis, vem-me à cabeça uma cena de uma rua escura. Uma rua calçada com pedras redondas, como as ruas antigas. Com casarões e casinhas, e uma garota que anda sozinha. Ela sente falta do homem que mais amou na vida. E aquela brisa da noite, com o sino badalando às três da manhã, fazia-a algum bem, que ela não sabia explicar. Só a luz da lua iluminava aquela madrugada, naquela rua solitária, naquela garota solitária. Mas uma lâmpada acesa que iluminava uma placa que dizia 'Bem-vindo' estava acesa toda madrugada. Era a entrada de um bar. Um bar onde essa menina sempre ia, pra lembrar de seu pai. Ele sempre ia naquele bar. Sentava sempre na mesma cadeira. Pedia sempre o mesmo whisky. Aquele Jack Danniel's 18 anos. E desde que fora morto em confronto com a polícia, deixou sua filha sozinha no mundo. Mas ela aprendeu a se virar. E até que virava bem, pra conseguir dinheiro, comida e abrigo. Tudo que seu pai tinha era alegria e ela não precisava de mais nada. Agora ela precisava, já que a alegria tinha ido embora quando ele morreu. Fazia programas pra se sustentar, e garantir a tradição do pai. Era uma moça forte, embora estivesse fraca e cansada de tudo aquilo. Pelo menos ela gostava. E toda vez essa história se repete, toda vez que eu ouço a mesma música. Mas o fim, ah, o fim dessa história não existe. Meus pensamentos são muito voláteis, não consigo continuar uma mesma história sem entrar em outras e outras. E isso não teria fim, se eu não colocasse um ponto final.

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