segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

No Parque de Gramado


Will e seus dois parceiros, Kipp e Ronnie, estavam atrás de um caso estranho que acontecera em Gramado...
"Há 50 anos, um grupo de adolescentes, que acampavam num parque, invocavam espíritos durante a madrugada. Assim que os espíritos apareciam, caíam numa armadilha feita no local de invocação, e eram torturados pelo grupo, que pelo visto, conhecia bem os rituais e as formas de tortura utilizadas. Mas, talvez em um momento de distração, parecia que um deles não tinha sido preso, e começou a assombrar todos ali. Janelas quebravam sem nenhum motivo plausível, vozes eram ouvidas ao longe, num grito de desespero, e alguns deles viram dois pés atravessarem a parede de um dos quartos do acampamento. Além disso, alguns jovens não acordavam mais, era um horror vê-los mortos em sua própria cama..."
No Rio Grande do Sul, Will e seus amigos estavam indo atrás da única jovem que sobreviveu. O seu nome era Hilda. Eles procuraram uma amiga que também morava lá, Giovanna, para ajudá-los a achar a casa dela, e também o parque da cidade. Junto com ela, encontraram um mágico, que fez uma exibição grátis a eles, e disse que só havia um parque por ali, e que não era bom visitá-lo, pois nem sempre todos que iam, voltavam. Mesmo com o alerta, eles queriam descobrir o que havia realmente acontecido. Eram céticos à aparição de fantasmas, espíritos, deuses... E queriam provar que tudo não passara de uma farsa. Entraram no carro do homem e seguiram até a casa da Hilda, onde iriam encontrar duas meninas: sua filha e neta. Quando chegaram lá, nem precisaram bater no portão, uma garotinha loira e de cabelo cacheado saiu, com uma sacola na mão, e a deixou no canto da calçada. Entraram e viram uma mulher de cabelo preto. Perguntaram a ela se a dona da casa estava lá, mas nem foi preciso, a velha apareceu na porta e os convidou pra entrar. Ela contou toda a história, mas mudou em um ponto, que era interessante: havia um cara que não fazia parte das reuniões noturnas, e ficava só de longe, olhando tudo. Ele se chamava Theodore, mas todos o chamavam de Ted. Usava óculos e tinha um pequeno kit de mágica, era o mais afastado da turma. Will então pediu que a senhora os levasse ao parque, onde eles acampavam, mesmo que estivesse abandonado. Ela concordou, relutante, e entrou no carro. Os meninos entraram no carro do tal mágico, e seguiram o da velha. Embora o mágico também conhecesse o lugar, não falou nada, apenas dirigiu.
Ted lembrava das noites de lua, onde os outros amigos se reuniam pra chamar as aparições na madrugada. Ele nunca acreditou nisso, porque ele sabia o que realmente estava acontecendo. Sua irmãzinha tinha uma certa habilidade de criar cenas a partir de uma história que lia, e era apaixonada por histórias de terror, que ele sempre lia pra ela toda noite, antes de dormir. Mesmo inconsciente, ela conseguia criar situações inusitadas, com qualquer criatura que estivesse em sua mente. Mas com um tempo a situação ficara fora de controle, e os jovens estavam morrendo, misteriosamente, na própria cama. Foi então que ele resolveu parar e sair dali com sua irmã, sem ninguém perceber. Quando soube que os garotos estavam desconfiando da história, fez uma lavagem cerebral na irmã, que esqueceu de tudo que aconteceu.
Voltando a realidade, percebeu que já haviam chegado ao lugar onde tudo começou. Saiu do carro e seguiu a velha, que andava em direção aos quartos abandonados que ainda tinham as marcas do passado: as mesmas janelas quebradas, as marcas feitas no chão e teto. Eles vasculharam os quartos atrás das evidências, mas tudo que encontraram foram livros de fantasmas e gramas de pó dentro das gavetas: "Sei não Will, mas eu acho que esses caras eram todos chapados!" brincou Kipp, apontando para o pó que tinha achado na gaveta. "Não, mas eles não cheiravam nada." retrucou o Ted. "Como você pode saber? Não nos contou que esteve lá." o mágico sorriu amarelo e disse: "Eu também ouvi as histórias, sabe como é, a que todos contam, e nenhuma dizia que eles cheiravam..." Will agora desconfiava do mágico. Por que ele defendeu assim os garotos? Ou será que ele defendia a tese de os espíritos realmente terem aparecido? E as dúvidas só aumentavam...
Giovanna olhou em volta, aquele lugar lhe era familiar. As árvores, o cheiro da terra e das folhas, o vento que levava seu cabelo escuro... Estava tendo flashes de memória, onde via um quarto e um garoto. Procurou esse quarto, até que encontrou, e viu os livros que seu irmão, imaginou que seria ele o garoto, lia pra ela antes de dormir. Abriu o livro perto da metade, e começou a ler. Subitamente, tudo ficou escuro, as nuvens ficaram pesadas e uma onda de terror atingiu a velha, que olhava pro céu pedindo perdão aos espíritos que foram torturados antigamente. O que sobrou das janelas voltou a quebrar, mas então eles ouviram um grito fino, vindo de um dos quartos. Era Giovanna. Correram para lá e logo entenderam o que acontecia. Fecharam o livro e os olhos dela, e tudo voltou ao normal. Kipp a pegou nos braços e a deitou na cama, dizendo pra ela se acalmar. Will saiu em disparada, vendo que Ted estava fugindo. Como tinha um porte atlético, foi fácil chegar até o mágico e derrubá-lo com a força do corpo.
Quando tudo foi esclarecido, Ted foi culpado pela morte dos jovens e por ter omitido a história toda. Giovanna se desculpou com Hilda, que estava abismada com tudo aquilo. Tudo não passou de cenas criadas pela garota, que só agora reconhecia seu dom. Kipp a convidou para sair qualquer dia desses, e ela aceitou, com um sorriso amigável. E então os três amigos voltaram pro apartamento, onde encontraram um recorte de jornal, que dizia: "Caso misterioso de morte em Equinox...", eles se entreolharam e deram um meio sorriso.

Um comentário:

  1. nossa :o
    o melhor conto seu que já li até hoje
    gostei demais irmão!

    ResponderExcluir