quinta-feira, 21 de julho de 2011

Um dia qualquer.

 Era meu aniversário, numa linda manhã de domingo. Ouvia os pássaros cantando, o vento soprando as folhas, que de secas caíam ao chão. Minha janela estava iluminada pelo sol que nascia no leste, parecia sorrir para mim. Minha mãe estava preparando tudo, com ajuda de minhas irmãs mais novas. Seria um ótimo dia.
 Embora tudo estivesse bem, eu estava assustado. Na noite anterior um terrível pesadelo não me deixou dormir em paz. Eu tinha que esquecer dele e me manter animado. Saí com dois amigos e deixei as mulheres cuidarem de tudo - elas preferiram assim.
 Fomos num parque novo, onde tinha um túnel do terror, cujo estávamos com muita vontade de ir. O vendedor da entrada era meio sinistro, deu um arrepio quando ele disse: "Cuidado onde pisa..." e me olhou com seus olhos cansados. Lá dentro a visão era pouca. Cada um entrava por uma porta diferente e se encontrava no caminho. Eu via uns vultos e ouvia vozes: "Volte para casa..." mas achei que era efeito do túnel. Um grito me assustou: "Ah não, Clarisse!" corri em direção ao lugar de onde viera o grito e quase despenquei: ela estava totalmente sem água no corpo. No piso eu pude ler: "Drain You" (Drenar-te). Minha surpresa foi quando lembrei do que o velho disse. "Então era isso!"
 Andei mais um pouco, procurando por Caio, e tive outro susto, pior que o primeiro: eu vi escrito no piso: "I want to tie you! Crucify you!" (Eu quero amarrar você! Crucificar você!) e ele estava lá, pregado numa cruz, amarrado pelo pescoço e cintura. "Meu Deus, o que é isso? Preciso sair logo daqui!" por sorte encontrei a saída daquele maldito túnel.
 Fui correndo pra casa, já era noite e começava a chover. Quando abri a porta, não aguentei: minhas duas irmãs estavam em cima da mesa, totalmente fatiadas, e minha mãe em cima da mesinha da sala, morta, molhada. Notei que havia uma banheira cheia de água, e na parede, escrito com sangue, lia-se: "I wanna bathe you, in holy water! I want to kill you, upon the alter!" (Eu quero te banhar em água benta! Eu quero te matar, em cima de um altar!)
 Deveria ter sido o melhor dia da minha vida, mas não foi. Desolado, fui pra cozinha, onde vi um senhor de preto, tomando chá. "Essa deve ser a minha hora" pensei. O senhor me convidou a olhar pro piso, onde tinha escrito: "Sit and drink Pennyroyal Tea!" (Sente e tome chá de poejo), sem mais nenhuma razão para continuar vivendo, sentei na cadeira, tomei do chá. Sombras me engoliram e eu parei de respirar.
 Amigos, esse foi meu último aniversário...




Conto para o bloínquês.

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