quarta-feira, 14 de maio de 2014

Dança de cigana - Parte II

Um mistério à parte


fonte da imagem: http://tulipasnajanela.blogspot.com.br/2011/04/eu-amo-beleza.html

   Ainda estou alucinado com o que me aconteceu ontem. Eu a encontrei por acaso na rua e fiquei chocado com a sensação de déjà vu percorrendo meu corpo.
   Ela vinha na direção contrária, descendo a rua com umas amigas. O sol estava se pondo atrás de mim, brilhando seu fogo naquele castanho derretido que eram os olhos dela. Quase incendiavam o próprio sol. Ela lançou-me um sorriso de canto de boca e a minha mente inundou-se com lembranças desses momento que acabara de acontecer. 
   As cores e círculos do seu vestido começaram a confundir e fazer girar minha cabeça, e tudo piorou quando olhei seus olhos: eles pegavam fogo! "Amanda", sussurrei seu nome para mim mesmo de dentro da minha cabeça. Era eu lembrando a mim desse encontro e antes de ele terminar, já o tinha visto passar todo por trás dos olhos. Já o tinha envolvendo minha mente.
   Foi então que, tirando-me da lembrança daquele momento, o qual acabara de acontecer, ouvi uma voz chamar: "Amanda!" E ela virou a fim de ver quem chamava seu nome. Seu olhar brilhava intensamente, como o próprio sol, ou até mais. Eram duas bolas de ouro derretido. Sua mão me acenava e só então percebi: eu tinha dito o seu nome. Fora eu quem a chamou. Mas como, se a única vez que a vi foi naquele show? Como eu saberia o nome daquela garota? E por qual motivo ela não estranhou eu o saber, se não tinha perguntado? 
   Ela tinha esse olhar misterioso, algo em seu sorriso me remetia a um lugar cheio de paz, uma viagem. Era como se eu vivesse minha própria vida diversas vezes, em um ciclo eterno, onde cada déjà vu tentava me fazer recordar (e acordar) à uma realidade diferente dessa que vivemos. E ela... ela parecia saber de tudo, porque continuava brincando.
   Quando voltei dos meus devaneios a noite já tinha caído e ela não estava mais ali. Ela, com aqueles olhos castanhos, tão lindos quanto os verdes e azuis. Claros, escuros, quentes ou frios. Os dela eram incandescentes, eram dois faróis os olhos dela. Ela, um mistério à parte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário