segunda-feira, 5 de maio de 2014

Dança de cigana - Parte I

A moça dos olhos de ouro

fonte da imagem: http://jconsultoriadecosmeticos.blogspot.com.br/

   A primeira vez que a encontrei foi numa noite de festa, quando seus grandes olhos perdidos na multidão fitaram os meus por acaso. Isso foi o suficiente pra eu querer conhecer aquela garota. Por algum tempo seus olhos não saíram da minha lembrança, seu brilho esquentando minha noite fria. 
   Nem me lembro quantas cervejas tomei com os amigos, todos dizendo pra eu esquecer, que talvez nunca mais eu a encontraria. Podia ser, mas, aquele castanho claro, vívido, de seus olhos, não me deixaram ficar quieto. Eu a procurei pela festa ainda muito tempo, imaginando que gosto teria sua boca, seu corpo. Ela me olhou ou só me viu? Não poderia saber nunca disso, a não ser que a encontrasse.
   Mais um feixe de luz e lá está ela novamente: entre os grupinhos de jovens, destaca-se aquela moça alegre, com um sorriso no rosto e seus olhos reluzentes, procurando, quem sabe, um par de olhos também castanhos, mas frios. Dança com as amigas, segurando um copo do que parecia ser vodka, ou outra bebida sem cor. Perdi-a de vista quando um cara bêbado esbarrou em mim, mas podia jurar que, em um último relance, ela também me viu e me lançou um olhar misterioso, sedutor.
   Começa a chover e, para minha surpresa, oh!, pra quê esconder a emoção sentida? Oh!, para minha doce surpresa, ela me fitava não de muito longe. A chuva a deixava mais misteriosa, mais bela, com seus olhos ardentes. Dei dois passos a frente e a vi se perder de novo entre as vívidas pessoas dançantes e, só ali, dei-me conta: ela brincava comigo. Seus olhares furtivos, seu sorriso, seus passos pra me evitar, pra me convidar a entrar no seu mundo, eram quase uma dança. E eu estava entrando no passo, no compasso daquela moça sem nome. A moça dos olhos de ouro.

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