quinta-feira, 11 de julho de 2013

Um pouco de Anne: No calor da manhã


            Anne não lembrava de ter ido dormir, mas acordou deitada num colchão, e reparou o curativo na sua perna. Lembrou então de tudo que ocorrera na noite passada, e associou que, por conta da perda de sangue, acabou ficando inconsciente e por isso não lembrava mais nada. Do seu lado, já de olhos abertos, André a fotografou de perto e depois sorriu. Ela riu junto e depois o beijou, sentindo o seu hálito adocicado, mais açúcar que café.
            Fez uma careta, não queria levantar. Queria ficar ali, toda manhosa, deitada com ele. “Mesmo assim não o amo”, pensava. E não amava mesmo, e ele sabia que não. Anne tinha muitas aventuras, algumas mais perigosas que outras, mas eram apenas aventuras, e logo, logo essa também entraria para a lista. Antes disso precisava acabar, e ainda não estava na hora.
            Foi até a cozinha, precisava de um café pra raciocinar direito. As janelas fechadas permitiam que ela passasse o dia usando apenas sua calcinha. Que ela, por sinal, também não lembrava de ter vestido, mas a excitava o pensamento de que ele a teria vestido. Talvez depois ela o deixasse tirar com a boca... Deu uma risadinha e tomou um gole do café, amargo, e fez uma careta. Depois de adoçar e beber o café, voltou pro quarto e reparou que algumas fotografias estavam estendidas num varal, que atravessava o quarto dele. E sorriu ao perceber de quem eram as fotos. “Ora, ora, moço. Quer dizer que tirou a noite pra me fotografar?” E sorrindo, observou cada foto: seu corte na perna, ela deitada de bruços, já com a calcinha e outras que mostravam seus seios.
            Foi até a janela, onde ele estava, e o abraçou, apertando-se contra ele, esmagando seus cheios e redondos peitos nele, e oh, como ela achou bom isso, poderia apostar que ele também. O sol nascia lá fora, ainda laranja, e uma brisa leve batia neles, arrepiando alguns pelos dele, pelo menos os que ainda não se arrepiaram com os beijos no pescoço que ela o dava. Quando ele se virou, ela o beijou na boca, e sentiu a pressão quando ele a puxou, colando-se ao corpo dela. Sentiu seu peito, quase sem pelos, ir e voltar, de acordo com sua respiração, e ele já estava duro novamente.
            Ela foi em direção à sua estante, onde viu vários CDs empilhados, e alguns livros também. Colocou pra tocar o Let it bleed, de 69, dos Stones pra tocar e começou a dançar enquanto ele a fotografava. Nesse passo ela já tinha vestido uma das blusas dele, uma com o famoso logo também dos Stones: o bocão com a língua de fora. Ela nem sequer lembrava que ele estava ali, fotografando, ou que usava apenas blusa e calcinha. Na verdade até se sentiu mais solta, mais folgada. Gostou daquilo. “Poderíamos repetir mais vezes” ela disse, e ele respondeu: “Só se estiver falando de tudo e não só das fotos.” Ela sorriu e foi até ele, beijando-o mais uma vez. Não precisava perguntar mais nada, então ele não perguntou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário