sexta-feira, 20 de junho de 2014

Quente como o sol

fonte da imagem: http://boutichic.blogspot.com.br/2010_11_01_archive.html 

    Estava com ela, ali, deitada ao meu lado, com a cabeça em meu peito, conversando sobre alguma coisa que nem me lembro mais. Sei que ríamos muito, e era bom. Eu gosto muito da risada dela, sempre gostei de ouvi-la gargalhar perto do meu ouvido, de paralisar os olhos em cima dos dela, e vê-los recuar, tímidos.
 
    Era uma paixão dela quando eu a fazia rir, quando minha mão tirava uma mecha do seu rosto, levando-a pra trás da orelha, num afago em câmera lenta. E aquela menina também me conquistava, ora com seus beijos temperados de desejo, ora com seu toque, quente e terno, na minha pele dura, meio homem, meio fera. Mas nada podia bater os seus olhos felinos, selvagens, indomáveis e serenos, tudo ao mesmo tempo.

    Depois de recuar os olhos, ela fazia outro movimento, e eu adorava: estreitava-os e me mirava com uma profundidade, que só faltava me ver a alma! Sentia-me nu perto dela. Mas não de roupa, e sim de segredos. Era como se me visse todas as verdades, tudo o que havia em mim poderia refletir nos olhos dela. Talvez até mesmo de roupas, estamos todos nus por baixo mesmo. Sei que ela via através de mim, e parecia ler meus pensamentos, pareceu sentir a intensidade no meu olhar, no meu sorriso meio de lado.

    Sabe por que eu sei disso, caro leitor? Porque no momento seguinte ela já se erguia, e crescia ainda mais por cima de mim, e como dentro de si tinha ainda, e sempre terá essa criança, jogou-me o lençol na cara, e, deitando-se lentamente, como que sentindo cada parte se juntando à do outro, colou seu corpo ao meu. Senti sua respiração acelerar, seu peito bater mais forte contra o meu, quando agarrei sua cintura fina, e ela me beijou. Finalmente eu provava daquele tempero, ardente, como um prato de chili mexicano. Era todo o desejo de um se unindo ao do outro, preparando um prato que seria consumido em alguns minutos, quente como o sol.

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