sábado, 8 de fevereiro de 2014

Algo fora da proposta do blog

No final do ano passado eu escrevi uma crítica pra cadeira de Estética e Linguagem do Audiovisual, de, é claro, um projeto audiovisual. Escolhi uma cena da série norte-americana da HBO "Carnivàle" que infelizmente só teve duas temporadas e foi ao ar entre 2003 e 2005.
Não vou contar a sinopse aqui, quem quiser procura depois que aqui nunca foi de ter isso. A cena se passa em pouco mais de um minuto e se trata de um monólogo de um dos personagens principais de toda a trama: um dos donos do circo 'Carnivàle', Samson, interpretado pelo Michael J. Anderson. Por ser a primeira crítica que fiz, fiquei feliz com minha nota (foi 8). Sem prolongar mais isso, eis aqui a tal crítica.

             "A cena analisada foi filmada em primeiríssimo plano, com posição frontal e angulação normal. A escolha destes componentes para criação do ato se dá primeiramente por uma relação de intimidade que o diretor procura criar entre o personagem e o seu espectador. É a introdução do que está por vir.
            Procura-se nessa cena, onde a câmera é colocada em frente ao ator, criar um momento ‘cara a cara’ com o personagem, criando assim um clima dramático, um pouco puxado para a tensão. Quem não fica tenso quando sente alguém tão perto? É como se um segredo estivesse para ser revelado, fixando quem assiste, a fim de mantê-lo preso até o fim, atiçando a curiosidade.
            Esse clima olho a olho que é criado a partir do posicionamento e do plano utilizados gera a sensação de algo muito sério e até fantástico está por vir. A iluminação vinda de cima para baixo, deixando pontos do rosto mais escurecidos que outros, dá um efeito de mistério, que se atenua a cada fala do personagem, o qual já foi dito, constrói uma relação de intimidade com seu ouvinte, convidando-o por meio do plano pelo qual é composta a cena.
            Outro motivo pelo qual este foi o melhor modo de gravar a cena em questão é o sentimento de imersão causado pela junção da fala mais os componentes da cena: fundo preto e luz fraca, trazendo um clima de reflexão. O diretor escolheu esta combinação para demonstrar um pequeno mergulho no mistério de toda a trama, estimulando a curiosidade já grande das pessoas, sem, no entanto, apelar. Desse modo, procura prender o espectador usando nada mais que um monólogo introdutivo, mas cheio de mistério e drama.
            Ao fim da cena, após alguns minutos de calmaria e tensão, onde a posição da câmera faz com que o personagem olhe nos olhos de quem assiste, há uma ruptura, um corte brusco naquele momento de intimidade, usado para imitar um acordar de um sonho, uma volta para a realidade, é como um despertar."

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