segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Apenas um café



Marcos sentou à mesa e pediu um café, enquanto esperava a garota com quem marcou de se encontrar. Olhou a rua: carros em movimento, pessoas no seu vai e vem frenético e o céu nublado. "Seu café, senhor", disse a garçonete. Tomou um gole. Nesse pequeno tempo em que levou a xícara à boca e engoliu o café, Renata abria a porta do Café e caminhava em direção à mesa, um pássaro levantava voo do outro lado da rua, um casal trocava um beijo carinhoso na mesa à frente. Engoliu e olhou para ela. Seu meio sorriso o fez abrir um sorriso, que mostrava seus belos dentes enfileirados, meio amarelados. Ela se sentou e pediu um sorvete de creme, com cobertura de morango. Conversaram sobre como a vida lá fora parecia correr tão depressa, e o contraste com como ela parecia devagar ali dentro. A música que tocava era tão calma que parecia estar sendo sussurrada aos seus ouvidos. Tomou outro gole, reparando dessa vez que ela arrumava uma mecha do cabelo atrás da orelha e recebia seu sorvete, com um sorriso de 'obrigada', e o casal na mesa da frente saía de mãos dadas e trocando algumas palavras baixas, quase sussurros, enquanto mergulhavam no mundo da pressa lá fora. Colocou o café de volta ao pírex e coçou a barba. Ela perguntou sobre a última vez que ele cortara o cabelo, que já crescia bagunçado: um emaranhado de cachos negros. Conversaram então por um tempo sobre os cabelos que passavam lá fora: uns lisos, outros cacheados; cabelos que esvoaçavam e outros que nem pareciam sentir o vento. Lá dentro seu café esfriava, e o sorvete dela derretia. Parecia até que estava do lado de fora, na correria, assim como os outros que passavam e que corriam. Pessoas que perdiam ônibus, carros que furavam um pneu, e as nuvens lentas. Ah, elas sim estavam no ritmo de quem estava no café. Um belo contraste: as nuvens que corriam lentas lá fora, com o café que esfriava rápido e o sorvete que derretia lá dentro... Mais um gole e dessa vez ele viu o fundo da xícara, e reparou que a Renata colocava uma colher com sorvete na boca, enquanto olhava para uma árvore lá fora, que balançava e soltava as folhas do outono. A cobertura de morango tomava o lugar de quase toda taça, deixando-a num vermelho claro, ou seria um rosa escuro? Quando seu café acabou, ele reparou que ela tinha melado o nariz de sorvete, e limpou com seu dedo. Ela deu uma risadinha e o observou chupar o dedo,  sorrindo pra ela. Enquanto ela terminava o sorvete, ele observava lá fora um rapaz que caminhava em direção ao Café que estava, e percebeu que era hora de ir. Deixaram o dinheiro na mesa e saíram, lentamente, até entrar na correria lá de fora, e caminhar lentamente, no passo das nuvens.


*imagem pega da internet 

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