quinta-feira, 10 de maio de 2012

A última dama


   Ele chegou às quatro da tarde naquele grande hotel que mais parecia um castelo. Olhou pros lados mas não viu ninguém para recebê-lo. Abriu a porta e foi procurar alguém na recepção: de novo, ninguém. Encontrou apenas uma chave em cima da bancada. Pegou a chave e entrou no elevador. Chegando no corredor do seu quarto, sentiu uma presença forte no fim dele. Era como se alguém olhasse pra ele pela brecha da porta. Caminhou até lá, mas quando chegou viu a porta fechada. Estranho, já que ele jurou que estava aberta. Entrou no seu quarto e foi dormir um pouco. Ouviu passos e música bem baixos, que certamente vinham do salão. Desceu até lá e abriu as portas, mas não viu ninguém.
    Já eram sete da noite e ele estava deitado, quando ouviu um sussurro "acorda, dorminhoco", e pulou da cama, literalmente. Não viu ninguém no quarto. Saiu pelo corredor até a porta do quarto que vira entreaberta mais cedo. Estava como ele tinha visto antes. Com um empurrão a abriu e tomou um susto: ele viu a si mesmo, sentado na cama, olhando para ele. O outro 'ele' usava um terno, com gola bufante, luvas brancas de látex e calça e sapato social. Desmaiou ali mesmo e acordou numa cadeira, onde no salão uma banda tocava e pares de casais gêmeos dançavam ali. Era uma valsa. E todos dançavam suavemente ao tom doce da melodia. Mas ele ficou inquieto, pois nenhum corpo exalava sinal de vida ou calor. Estavam todos mortos, inclusive ele, que sem nenhuma emoção levantou da cadeira, puxou a última dama e se pôs a dançar com ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário