segunda-feira, 16 de abril de 2012

Uma carícia


Estava frio naquela manhã de terça. Ela estava sentada sozinha, olhando pro céu nublado e pensando no que a deixara tão triste. Uma leve brisa soprava, fazendo esvoaçar seu cabelo pra trás dos ombros, com pouca força. Não sabia ao certo o que era, mas era muito o que a deixava pra baixo. Talvez a discussão com o namorado, ou aqueles que dizem ser seus amigos. Ou simplesmente o fato de estar triste. Mesmo que não achasse ruim o frio e a solidão, não reclamaria se certa pessoa chegasse e a abraçasse. Seu caderno, todo rabiscado, era apertado com força, até que ela o abriu numa página, e começou a ler um texto. Mesmo que por pouco, um sorriso se abriu na sua boca, e os olhos se encheram de lágrima, que caíam e os pingos manchavam a página. Quase pula de medo quando sentiu um toque em seu braço. Um garoto lhe estendia uma Margarida, com um sorriso sincero e olhos grandes. Ela pegou a flor e sorriu de volta, agradecendo. O garoto sentou do seu lado, e olhou o que tinha na página do caderno. Sorriu também. Olhou pra ela, chegou mais perto e a abraçou. A brisa leve acariciava os dois naquele abraço quente e gostoso, o que ela mais precisava. Não disseram uma palavra, mas conversaram muito entre olhares e toques. Toques no rosto, braço, boca. Trocas de carícias que qualquer um gostaria de dar e receber. Ele arrumou o cabelo dela atrás da orelha, para que seu rosto ficasse todo à mostra, e ele pudesse contemplá-la. Depois desceu o dedo pela bochecha e tocou seu queixo. De leve foi encostando sua boca na dela, que apenas esperava. E ali ficaram, sabe-se lá por quanto tempo, naquele âmago de olhares e carícias, que dali não sairia. Não enquanto estivessem ali.

Nenhum comentário:

Postar um comentário